sexta-feira, 2 de março de 2007

O planejamento!

Não gosto de improvisar.

É da minha natureza planejar as coisas que faço, provavelmente herdei isso do meu pai. Alguns de vocês já devem ter percebido essa característica.


O planejamento da Volta ao Mundo envolveu não somente o “durante” a viagem, mas também o “antes” e o “depois”. Estou falando de um período que vai de janeiro de 2007 a abril de 2008. É um planejamento de quase 15 meses.

O período do “antes”, entre janeiro e março de 2007, serviu para realizar 3 objetivos importantes: organizar a viagem, comemorar o meu aniversário (ver fotos em ) e preparar o retorno para a vida profissional (o “depois” da viagem). Sobre o retorno para a vida profissional escrevei em breve aqui no blog.

Planejar é uma atividade cerebral. Você pode planejar qualquer coisa na sua vida. No caso da Volta ao Mundo, foi a oportunidade de viajar antes mesmo de sair de casa. Você pode planejar sozinho, com as informações e as experiências que adquiriu ao longo da sua vida. Você pode planejar com um especialista, que pode até ser o seu melhor amigo. Possivelmente por meio dos seus amigos você vai conhecer outras pessoas que terão informações úteis para o planejamento.

Você pode planejar por meio de livros, revistas e principalmente pela internet. Mas seja criterioso: o excesso de informação pode atrapalhar o planejamento, e identificar as suas prioridades é fundamental! O que é importante para mim não necessariamente é importante para você, e vice-versa.

A minha sugestão é que as informações relevantes sejam anotadas, para evitar a perda de tempo para encontrar a mesma coisa várias vezes. De uma forma geral, para planejar não é necessário gastar muito dinheiro. No meu caso, os investimentos foram happy-hours com pessoas agradáveis e a compra de diversos guias de viagem, dos quais faço coleção. Além disso, é claro, você precisa de tempo e disposição para pesquisar as coisas. E se você acredita no produto final, planejar será algo muito prazeroso.


Você pode me perguntar: Edu, como você elabora o planejamento? Aqui eu não vou falar de metodologia ou de qualquer instrumento formal, mas simplesmente sobre como funciona a minha cabeça nestas horas. A primeira coisa que eu faço é listar os desafios que eu imagino encontrar na minha jornada, assim como os benefícios que terei ao seu final. A partir disso o conceito é simples: o planejamento deve prever ações e atitudes que permitam maximizar os benefícios e superar os desafios. Eu não uso simplesmente a 1ª idéia que me ocorre. Eu identifico várias alternativas e decido racionalmente pela que me traz melhores resultados.

Vou utilizar como exemplo o desafio da comunicação (ver postagem “Os 10 principais desafios!” de 22/02/2007). Neste caso a minha ação principal será fazer um curso de inglês. A idéia original era fazer o curso na Austrália, uma país mais divertido e mais barato do que a Inglaterra. Porém, eu chegaria na Austrália somente no terceiro mês da viagem, e além disso, para quem já notou a diferença, o inglês britânico é muito melhor que o australiano. O orçamento comporta o curso na Inglaterra? Esta pergunta é realizada o tempo todo durante o planejamento, para evitar o risco de inviabilizar a viagem pelo estouro do orçamento.

Novamente recorro aos amigos para avaliar qual a cidade mais indicada para o curso na Inglaterra, assim como procuro por uma escola que tenha boas referencias. Decido pela Francês King (www.francesking.co.uk) em Londres. Como eu me conheço, sei que somente o curso não será suficiente para ganhar fluência (afinal, tenho 6 anos de Cultura Inglesa, da qual tenho ótimas lembranças). Eu sempre tive vergonha de falar em inglês fora da escola. Por falta de atitude, deixei de aproveitar diversas oportunidades no passado, no trabalho e em viagens, para acabar com esta dificuldade. Desta forma, para superar o desafio da comunicação é fundamental mudar a minha atitude: ser espontâneo em inglês da mesma forma que sou em português. A hospedagem em albergues da juventude ajudará muito neste ponto, pois naturalmente estarei em contato com viajantes de outras nacionalidades.

Utilizei o mesmo raciocínio para os demais benefícios e desafios da viagem, e tomei uma série de decisões de planejamento. O meu objetivo aqui não é o de fazer propaganda de nenhuma empresa, mas sim o de registrar qual foi a minha escolha final. Caso você queira mais informações sobre algum ponto específico por favor me avise!

Bilhete aéreo: há 3 grandes alianças mundiais de companhias aéreas que vendem bilhetes para dar uma volta ao mundo. Em geral estes bilhetes exigem que o passageiro faça uma travessia do Atlântico e uma do Pacífico, e custam ao redor de US$ 5 mil, sem contar as taxas de embarque. No meu caso isso não interessava. Encontrei um bilhete sob medida na Oneworld (
www.oneworld.com), chamado Circle Trip Explorer, que permite 4 escalas em cada um dos continentes: Europa, Ásia, Oceania e África. Com as taxas de embarque, o custo total é de US$ 3,5 mil. As datas e os horários dos vôos podem ser alterados sem penalidade. E os vôos ainda acumulam milhas que você pode resgatar na American Airlines ou na Ibéria. Alguns pequenos trechos não são atendidos pelo bilhete e terei que comprar separadamente, como por exemplo entre Delhi e Katmandu. Usei milhagem da TAM para os vôos entre o Brasil e a Europa e entre a Inglaterra e o Egito.

Hospedagem: a principal associação de albergues da juventude é a Hostelling International (
www.hihostels.com). O site permite que você obtenha informações dos albergues em cada localidade, incluindo fotos e mapas, assim como faça as reservas online por 5% de adiantamento mais uma tarifa. O preço da diária é muito variável: em Londres custa aproximadamente US$ 45, em Delhi custa pouco menos de US$ 7.......... Faça a sua carteira de associado no Brasil para ter direito aos menores preços. Pesquisei também o Rates To Go (www.ratestogo.com), que tem opções interessantes em alguns lugares onde não há albergue, como por exemplo no Camboja. No verão europeu é provável que eu tenha que fazer as reservas com maior antecedência.

Locação de Carro: em alguns lugares a opção de alugar um carro será melhor por conta da flexibilidade, e em alguns casos, também pelo custo. A minha intenção é alugar o carro para conhecer o sudoeste da Inglaterra (isso significa dirigir na faixa contraria ao que estamos acostumados), fazer safári na África do Sul, visitar pequenas cidades na Itália e na Áustria, e possivelmente, na Nova Zelândia. O melhor preço de locação eu encontrei na Auto Europe (
www.autoeurope.com), cerca de 40% mais barato do que outras locadoras. O site é bem amigável, tem várias línguas inclusive o português, tem 0800 nos EUA com atendente brasileira................... porém, nunca ouvi falar nesta empresa! Se alguém tiver alguma informação me avise! De qualquer forma, conto com a segurança do cartão de crédito para evitar uma roubada. E vou alugar um carro por poucos dias na Inglaterra para conhecer a qualidade do serviço. Descobri que se o carro entrar no leste europeu (Croácia e Eslovênia, por exemplo) o custo da locação aumenta em cerca de 50%. Ainda não achei a melhor forma de transporte nesta região (alguém tem maiores informações?) Outra coisa: em vários paises é necessário apresentar a carteira de motorista além da permissão internacional para dirigir. Esta permissão pode ser obtida no Detran (www.detran.sp.gov.br) e custa R$ 156,53.

Guias de viagem: os melhores são os da Lonely Planet (
www.lonelyplanet.com). Como o peso dos guias é muito grande e quero manter todos eles para a minha coleção, a saída é viajar com no máximo 2 unidades (do pais atual e do próximo) e despachar para o Brasil os guias já utilizados.

Passaporte e vistos: sobre o passaporte a minha única preocupação é que as páginas provavelmente não serão suficientes para todas as anotações. É possível emitir um passaporte novo nos consulados brasileiros, e devo fazer isto na Austrália. O site
www.vistos.com.br descreve a necessidade ou não de visto de entrada em diversos paises. No meu caso o visto é necessário para a Austrália (R$ 123,00, 7 dias úteis, em Brasília) e para a Índia (R$ 145,00, 1 dia útil, em São Paulo). Em alguns paises você tira o visto na própria entrada. É recomendável levar várias fotos 3x4 e 5x7 para isto.

Vacinas: por recomendação da Arlete, da Secretaria de Saúde de São Paulo, e futura secretária de turismo de São Luiz do Paraitinga, conheci o Ambulatório do Viajante do Hospital das Clínicas (
www.sucen.sp.gov.br). A partir das características da viagem (duração, destinos) você recebe orientações de saúde bastante úteis. Fiquei muito surpreso pela qualidade do serviço. Recebi uma lista de vacinas para tomar (hepatite A e B, febre amarela, sarampo, tétano, raiva, rubéola, caxumba e febre tifóide). Não é nada agradável tomar todas as vacinas no mesmo dia........ No caso da malária, que não tem vacina preventiva, aprendi a reconhecer os sintomas além de receber um kit de emergência. Para o caso de diarréias violentas, de origem bacteriana, também há um destes kits. Repelente e mosquiteiro podem ser necessários em algumas regiões da Tailândia e do Camboja. É recomendável procurar este serviço 2 meses antes do início da viagem. A vacina de febre amarela é obrigatória para a entrada em diversos paises.

Câmbio e dinheiro: um site confiável sobre câmbio é o do Banco Central (
www.bcb.gov.br). Numa viagem deste tipo não dá para levar todo o dinheiro no bolso. Nestas horas a melhor opção é o cartão de débito internacional, que faz a conversão pelo câmbio oficial. Dificilmente irei entrar em algum pais que não tenha caixas eletrônicos disponíveis no próprio aeroporto, e o saque é na moeda local. Uso cartões do Unibanco e não tenho nenhuma tarifa adicional para isto (ops, é melhor nem espalhar muito senão vai virar tarifa nova............). Sugiro levar pelos menos 2 cartões deste tipo, de bandeiras diferentes. Idem para cartões de crédito. Verifique com o seu banco se há um serviço de entrega emergencial em caso de perda ou roubo.

Internet: embora você encontre cyber-cafés em qualquer lugar do mundo, optei por levar o notebook comigo por 3 razões: armazenar grandes volumes de fotos, escrever o blog sem estar conectado e usar a internet em um computador seguro e conhecido (há pouco tempo atrás utilizei o serviço de internet do Shopping Ibirapuera e algum vírus, sem que eu percebesse, enviou para vocês um email em meu nome...........). Diversos albergues da juventude possuem conexão com a internet, e é possível encontrar a lista de lugares com internet sem fio em
www.jiwire.com e em www.hotspot-locations.com. Há um serviço em www.boingo.com que oferece acesso wireless ilimitado por US$ 21,95 mensais, com 60 mil pontos de acesso em todo o mundo. Não sei se vou precisar, mas é bom ter estas informações por perto.

Blog: manter o blog tem 3 grandes objetivos: A) registrar as coisas importantes da viagem, B) manter um canal de comunicação com os meus amigos (não deixe de incluir o seu email para receber a newsletter da viagem) e; C) servir como treinamento para a minha vontade de escrever coisas (gasto HORAS para escrever cada uma das postagens.............. será que em alguma hora eu pego o jeito???). Escolhi o Blogger (
www.blogger.com) pela possibilidade de criar uma interface clean, de fácil atualização e sem mensagens comerciais. Utilizo o Google Analytics (www.google.com/analytics) para acompanhar o numero diário de visitantes. Para armazenar as fotos em grande volume e com alta resolução optei pelo Flickr (www.flickr.com). Os 2 primeiros serviços são gratuitos, e a assinatura anual do Flickr, sem limite de armazenamento, custa US$ 24,95.

Seguro Saúde: escolhi o InterCare (
www.intercare.com.br), custo de US$ 543,00 por 210 dias de validade. Há uma restrição de entrada na Comunidade Européia que exige cobertura de assistência médica acima de 30 mil euros.

Adicionalmente, para fechar o orçamento, fiz uma estimativa dos gastos com alimentação e com os passeios, além de uma margem de segurança. O planejamento está concluído!

Você deve estar pensando: agora ficou fácil, é só pegar o avião e seguir a risca tudo o que foi planejado. Errado!!! Planejamento não é uma coisa estática. Imagine quantas coisas não previstas podem acontecer numa viagem tão longa. Eu posso querer alongar ou diminuir a permanência em um determinado lugar, ser influenciado por outras pessoas que eu venha a conhecer pelo caminho, encontrar condições climáticas ruins, etc.
Um bom planejamento deve ser flexível o suficiente para comportar mudanças deste tipo.

Tenho certeza que uma das coisas mais interessantes da viagem será comparar tudo o que está escrito aqui e o que realmente aconteceu.......

9 comentários:

Anônimo disse...

Add seu blog nos meus favoritos...na próxima viagem, será meu guia...rs
Meu, que profissaaaaaaaaa!!!
PARABÉNS!
Bjokassss

daniqueija disse...

Ahhhhh...tava só esperando pra ver se vc ia falar dos imprevistos em algum lugar...rs.
Seu planejamento tá o máximo mesmo! Ai, o que seria de nós, meros mortais organizados se não tivessemos uma das mais incríveis invenções da humanidade: o check-list!!! hahahahahaha
Essa viagem tá redonda! E, como certeza vai servir de guia pra todo mundo que quiser fazer algo parecido depois de vc...
Edu Feijó tb é utilidade pública...é o homem-bombril...1001 utilidades...rs.
Bjokas

PS: E o bota-fora, tá de rosca?

CADU NUNES disse...

Feijó, quando vejo esse seu nível de detalhamento me lembro da época em que trabalhávamos juntos e vc sempre comentando a importância do planejamento. Na época fazíamos importantes levantamentos para Visa Vale, analisando potencial de segmentos como saúde e tal... Lembra-se?
Cara, quanta coisa...rs
Fico muito feliz pela sua viagem e obrigado pelas informações que vc passou, pois um dia pretendo fazer uma viagem semelhante!
Um grande abraço,
Carlos Eduardo

suely togeiro disse...

Cara....parabéns, olhando assim de longe, não pude perceber o quanto inteligente vc é !!! Amei te ler!
Boa viagem e q sua busca se concretize!!! Curta muito, mas volte cheio de boas lembranças para dividir com a gente...num happy hour, quem sabe, não é?
Beijos
Suely

Anônimo disse...

Eduardo,

Achei muito interessante sua viagem e seu planejamento.
Me lembrou Amir Klink quando disse: - Nao sou aventureiro, sou um estrategista!

Nao vai a Paris?
E o que programou para o Egito? Estive la em 2003 e no oriente medio nao pretendo voltar tao cedo!
Take care!
Virginia

Anônimo disse...

Prezado Feijó,
Parabéns pela decisão. É engraçado, mas como conheci você ainda quando criança, ver esse senso - e exemplo - de organização e planejamento é uma consequência natural da sua genialidade. Você foi, ao lado do Carlos Jorge, uma das pessoas mais inteligentes e brilhantes que conheci. Um privilégio!
Boa viagem e um forte abraço,
William Malfatti

mihail disse...

Edu, qual o valor médio do orçamento pra essa viagem?

Anônimo disse...

Eduardo, na realidade meu comentário é uma dúvida. Você já recebeu informação sobre a auto europe? Eu também fiz uma cotação e realmente o preço é bem menor. Se você tiver informações que tal complementar seu blog com elas.

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu