terça-feira, 29 de maio de 2007

Meus amigos do Camboja!

(Siem Reap, 29/05/2007 – 16h40) Quando decidi incluir o Camboja no roteiro eu não tinha muita informação do que encontraria. Havia ouvido falar das ruínas de Angkor, sabia as pessoas são muito pobres, que esteve numa guerra civil até pouco tempo atrás e que havia minas espalhadas pelos campos. Esperava encontrar cidades arruinadas e muitos mosquitos. Por outro lado o Lonely Planet fala do Camboja com muitos elogios.

Resolvi concentrar os meus 4,5 dias em Siem Reap, onde fica Angkor, e deixei de fora Phnom Phen, a capital. Com isso tive direito a dormir na mesma cama por quatro noites seguidas, coisa rara nesta viagem. O fato é que Angkor já virou xodó de todo viajante europeu, não somente do mochileiro mas também do viajante que procura conforto. Em Siem Reap há diversos hotéis para os mais variados gostos, todos muito novos, e mais uma série em construção. O problema é que com mais turistas as ruínas ficarão superlotadas...

Angkor foi capital do antigo império Khmer. Sua construção ocorreu entre os séculos IX e XIII e o que se vê hoje são ruínas muito bem conservadas, fruto de um trabalho minucioso executado por diversas organizações internacionais. A maior parte das construções é de templos hindus, que foi a religião dominante na época. Hoje a maioria da população é budista.

Há dezenas de ruínas que podem ser visitadas. Eu conheci as principais, que ficam entre 8 e 40 quilômetros de Siem Reap. A minha maior dúvida foi qual o melhor meio de transporte. Caminhar seria o meu predileto, mas inviável neste calor escaldante. Bicicleta era uma alternativa, mas logo percebi que a maioria dos turistas preferia o tuk-tuk (para quem não se lembra, trata-se de um misto de moto com charrete). Para encontrar um tuk-tuk basta pisar na calçada e pelo menos 10 deles estarão a seu dispor...

O mais famoso templo é o Angkor Wat, uma gigantesca construção simétrica rodeada por um belo lago. Uma passarela de pedra atravessa o lago até a entrada principal. As paredes foram esculpidas com temas hindus e são impressionantes. No centro de Angkor Wat há um templo no formato de uma montanha íngreme e com uma escadaria que oferece uma pequena aventura na descida, principalmente quando está molhada... Encontro com 2 turistas brasileiros. Aliás, aqui foi o primeiro local no qual encontrei brasileiros desde o Egito.

Visitei as ruínas de Angkor nos 4 dias. A mais exótica é a de Ta Prohm, com árvores gigantescas que tomaram conta do antigo templo (veja um exemplo na foto ao lado). Parece o cenário de algum filme de floresta mal-assombrada. As raízes das árvores estão de tal forma entrelaçadas com as paredes que torna inviável a sua remoção sem prejuízo da construção. Também gostei muito de Banteay Srey e de Preah Khan. Confira no asd fotos dos templos que visitei em http://www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600264945665/

A noite há vários restaurantes que oferecem shows gratuitos de dança Apsara, tradicional da região. Você pode imaginar que o preço da refeição fosse exorbitante, mas com R$ 5 ou R$ 6 eu comia bem todos os dias. Ao contrário da Tailândia a comida no Camboja não é muito temperada. Os melhores pratos, em minha opinião, são feitos com leite de coco. E eles usam algum tempero que me lembra erva-doce. Ontem choveu muito e a cidade ficou alagada. Esta época é o inicio das monções. Chove torrencialmente todas as tardes por até 3 horas. Se você estiver nas ruínas procure uma das inúmeras barracas de comida para deitar numa rede e esperar a chuva passar.

Nestes dias tive a oportunidade de conhecer alguns cambojanos. E fiquei com uma ótima impressão! O motorista do meu tuk-tuk praticamente não falava nada em inglês (embora fosse bem esperto na hora de negociar o preço). Mas era atencioso, muito educado e vivia sorrindo. As nossas conversas eram monossilábicas, mas bastava um sorriso e um sinal no mapa para que nos entendêssemos perfeitamente.

Nas ruínas encontrei famílias que, sem falar nada, me entregavam um folheto pedindo alguma ajuda. Diferente do que temos no Brasil ou do que vi em outros lugares por onde passei, eles não insistiam quando não recebiam dinheiro. Ficavam felizes se ganhavam alguma coisa, nada mais do que R$ 0,25. Eles agradeciam ao serem fotografados. O olhar deles me passava certa ingenuidade. É claro que há exceções, principalmente no centro de Siem Reap e na entrada dos templos. Mas nada que me impeça de afirmar que os cambojanos foram os meus melhores amigos até agora!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A paz da Tailândia!

(Sukhothai, 22/05/2007 – 21h20) Confesso que eu tive alguma dificuldade para elaborar o meu roteiro na Tailândia. Havia estudado o Lonely Planet quando estava em Delhi, e nenhuma das cidades me parecia muito interessante. Bangkok é descrita como cidade grande, o que não me atrai. As praias do sul são elogiadas, sendo que as mais isoladas seriam as melhores. Porém, viajar sozinho para uma praia deserta e fora de temporada não combina com a minha personalidade.

A minha escolha foi por Chiang Mai, uma cidade pequena no norte da Tailândia, que é citada como destino obrigatório de todo mochileiro. A descrição que o guia faz da cidade também não me empolgou, mas me pareceu a melhor porta de entrada. Na mesma região fica Sukhothai, antiga capital e um dos grandes monumentos históricos do país. Fui para lá na expectativa de encontrar mais uma desorganizada e barulhenta cidade asiática. Puro engano!

No domingo pela manhã caminhei do hotel até o centro. A primeira novidade é que você anda pela calçada! Acho que nas ultimas semanas andei somente pelo meio da rua, dividindo espaço com carros, rickshaws (aqui chamados de tuk-tuk), pessoas, bicicletas e alguns animais. A calçada era domínio do comércio. A segunda novidade é que não se ouve buzinas. E que diferença isso faz!

Contagiado pela tranqüilidade nas ruas comecei a explorar os templos budistas espalhados pela cidade. Espalhados é modo de dizer, pois em cada quarteirão havia pelo menos um. Não contei, mas devo ter conhecido pelo menos uma dezena deles. A arquitetura dos templos é bem diferente da que eu havia visto no Nepal, especialmente pelo formado do telhado, pelo ótimo estado de conservação e pelo uso constante da imagem do dragão. Eles utilizam pequenas placas coloridas, como num mosaico, para obter um visual muito bonito.

Nenhum templo cobra qualquer tipo de entrada, e mesmo os donativos são solicitados de uma forma muito discreta. A pergunta é inevitável: como eles conseguem dinheiro para uma manutenção tão impecável? A resposta vem rápida: se você precisa de uma massagem, vá ao templo. Quer ir ao mercado ou comer alguma coisa, visite as barraquinhas do templo. Quer estacionar o carro, aproveite a sombra ao lado do templo. Quer ir ao banheiro... Tudo muito limpo e silencioso.

Comecei a entender por que Chiang Mai é tão procurada pelos turistas. Ela tem alto-astral, tem charme. Na cidade você encontra inúmeras atividades como trekking, rafting em jangadas de bambu, aulas de culinária e de massagem tailandesas, chat com os monges, escola de elefantes com direito a passeio pela floresta e visita a tribos de nativos. Infelizmente há uma triste exploração do turismo sexual, e de vez em quando você encontra um gringo idoso de mãos dadas com uma jovem tailandesa.


O movimento no centro aumenta no final da tarde. Eu estou distraído com a máquina na mão, e escuto uma música que vem dos alto-falantes distribuídos na avenida. Continuo andando. De repente, percebo que somente eu estava me movendo! Todas as pessoas ao redor estavam estáticas e silenciosas, como numa brincadeira de criança ou em um filme de ficção cientifica. A música termina e as pessoas retomam as suas atividades como se nada houvesse acontecido. Pelo que eu entendi trata-se de uma reverencia ao rei.

No início da noite de domingo a avenida principal é tomada por barraquinhas que vendem de tudo. Turistas e locais se misturam no meio da rua que é fechada para o trânsito. Mais uma novidade: você consegue olhar as coisas sem ser assediado pelos vendedores. Com R$ 2 ou R$ 3 é possível comer muito bem. O único cuidado é com a pimenta. Eu que gosto de temperos picantes, e que havia passado por um treinamento intensivo na Índia, confesso que tive algumas dificuldades...

Na segunda-feira fui de tuk-tuk até a estação de ônibus para comprar a passagem para Sukhothai. O inglês deles não é tão claro quanto na Índia ou no Egito, e tive certa dificuldade para entender os horários do ônibus. Numa conversa que normalmente levaria 30 segundos, várias pessoas se juntaram para me ajudar. Eles misturavam thai com inglês e eu ficava cada vez mais confuso. Somente depois de uns cinco minutos consegui comprar o meu bilhete...

Uma das atividades mais tradicionais e famosas em Chiang Mai é o mercado noturno que acontece todos os dias da semana. Cheguei cedo e acompanhei todo o trabalho que eles têm para montar as barracas. Mas ao contrario do mercado de domingo, praticamente não havia nenhum visitante. Fico imaginando como deve ser duro montar e desmontar diariamente as barracas sem conseguir vender nada!

Para relaxar eu experimentei a famosa massagem tailandesa. Assim como tudo na Tailândia, os preços são baixíssimos se comparados ao Brasil. Uma hora de massagem custou R$ 12. A mocinha que me atendeu tinha 1,60 m e uma aparência bem frágil. Mas durante a sessão ela se transforma num trator! Ela me apertou, dobrou, empurrou, bateu, esticou e no final andou nas minhas costas. O objetivo de relaxar não foi alcançado, mas pelo menos não foi tão caro...

(Siem Reap, 25/05/2007 – 21h00) Fui para Sukhothai, uma cidade sem nenhum atrativo além das ruínas da antiga capital. O meu hotel era perto do rio, e havia uma quantidade absurda de mosquitos. Sorte que eu tenho um mata-mosquito elétrico. E por via das duvidas, passei repelente em todo o corpo. No entanto, o passeio pelas construções iniciadas no século 13 é muito agradável. Fiz de bicicleta, o que me deu bastante liberdade para percorrer os arredores. Depois de mais de uma semana de céu nublado, finalmente consegui um pouco de azul nas fotos.

No dia seguinte fui para Bangkok. Decidi incluir o Vietnam no roteiro e reduzi a minha permanência na Tailândia (na coluna da direita do blog você encontra o roteiro atualizado). Pesquisei o preço das passagens aéreas e achei uma bem razoável pela Air Ásia (esta é a minha companhia aérea preferida até agora), que cobra US$ 41 entre Bangkok e Hanói. Vou ao consulado do Vietnam para obter o visto. Aproveito para passear pelas ruas de Bangkok, uma cidade bem moderna. Em um mega shopping center eu vou ao cinema assistir a estréia de Piratas do Caribe 3. Antes da sessão ser iniciada, é exibido um vídeo sobre o rei. Todas as pessoas ficam de pé. Inclusive eu.

As fotos da Tailândia estão em
http://www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600239202617/
==================================

Neste final de semana em São Luiz de Paraitinga (são 2 horas de carro desde São Paulo) acontece a festa do Divino. Se eu não estivesse tão longe certamente iria para lá. É uma deliciosa e tradicional festa na qual as pessoas se reúnem em diversas manifestações artísticas. Tem moçambique, cavalhada, danças regionais e procissão. Como não é muito divulgada, há poucos turistas.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

As cores da Índia!

(Delhi, 17/05/2007 – 23h00) A Índia é o reino das cores! Não há nada melhor para um fotógrafo do que encontrar a sua disposição uma infinidade de combinações cromáticas. A comida, predominantemente vegetariana, tem um colorido especial que aguça o paladar antes mesmo de ser provada. Nas pinturas e em outras obras de arte as cores são utilizadas sem economia, com resultados harmoniosos e fotogênicos como o pavão ao lado.

Exemplos adicionais são encontrados na arquitetura indiana. Em pleno deserto do Thar, onde o material comumente utilizado na construção civil é a pedra de areia (marrom claro, em geral), o uso de arcos provoca um agradável efeito degrade. O mármore é largamente utilizado nos palácios, e a melhor representação é o Taj Mahal (falarei dele abaixo). Algumas cidades foram propositalmente pintadas de azul (Jodhpur) e rosa (Jaipur) por desejo de antigos marajás.

No entanto, o espetáculo colorido mais autentico e generoso você encontra nas ruas. Basta olhar para as roupas das pessoas, e uma simples fila para comprar o bilhete de trem se transforma em uma passarela de cores. Azul, vermelho, rosa, amarelo, verde.... Isoladamente ou compostas, as cores formam um primeiro plano vibrante e alegre sobre um fundo cinza, que representa a pobreza e a falta de limpeza das cidades. Acredito que a distancia entre amar ou odiar a Índia corresponde a distancia entre olhar para o primeiro plano colorido ou para o fundo cinza. Para ver fotografias das pessoas na Índia clique em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/sets/72157600207574972/

Das cidades que visitei, Udaipur é considerada a mais romântica. Tem um belo lago, 2 palácios, diversos mirantes para observar o por do sol e não se vê tanta pobreza como em outros lugares. Se eu fosse recomendar uma aclimatação suave à realidade da Índia, Udaipur seria a primeira escala (considerando as cidades que visitei), seguida por Jodhpur. O passeio de barco antes do por do sol é imperdível! E o show de danças típicas do Rajastão também é muito bom.

Na baixa temporada é possível conseguir um ótimo hotel por um preço bem razoável. Alias, eu desenvolvi uma técnica bem eficiente para negociar os preços dos quartos: 1 ou 2 dias antes de mudar de cidade eu envio um e-mail para 5 hotéis que eu escolho pelas indicações do Lonely Planet. No e-mail eu informo o quanto eu posso gastar, em geral 50% do valor da diária que eu olho antecipadamente no site de cada hotel. Em média recebo 2 respostas afirmativas, e com isso consigo otimizar o meu orçamento.

Em seguida fui para Jaipur, uma cidade que não estava nos meus planos pois a descrição do Lonely Planet não me agradava. Cidade grande, com muito assedio de vendedores e mendigos... Mas como eu tinha tempo disponível e Jaipur fica no caminho para Delhi resolvi incluí-la no roteiro. E Jaipur foi uma agradável surpresa! Primeiro por que conta com 2 ótimas atrações, o City Palace e o Amber Fort (o macaco da foto estava nos arredores do forte). Segundo por que pude caminhar tranquilamente pela cidade sem ser importunado. E terceiro por que tive um dos melhores jantares da viagem no restaurante da OM Tower, especializado em comida vegetariana e que fica no alto do edifício. O restaurante é giratório, garantindo 360 graus de vista panorâmica. O jantar foi composto de entrada, prato principal, sobremesa e mais 2 refrigerantes. E o preço........... R$ 25,00! E aceitava cartão de crédito, fato raro nos restaurantes da Índia.

Em Delhi não fiz muitos passeios, pois me concentrei em estudar o guia da Tailândia, fazer backup das fotos e comprar um tênis e uma mala novos, pois os antigos (que já estavam bem usados antes desta viagem) entregaram os pontos. Os preços na Índia são muito bons se comparados aos do Brasil (minha estimativa é de 50% menores para produtos similares). Aproveitei para comer no Pizza Hut e no Friday’s... O melhor passeio em Delhi foi o bastante interessante National Museum.

Fiquei 2 dias em Agra, onde fica o maravilhoso Taj Mahal. A viagem de trem dura 2 horas e é bem confortável. Por todos os ângulos a construção é espetacular! Esta é a atração turística mais popular da Índia, e embora fosse baixa temporada havia muitos freqüentadores indianos. Imagino que na alta temporada o passeio fique prejudicado pela multidão.

A construção tem pouco menos de 400 anos e é conservada com muito cuidado. Há uma área verde de 500 metros ao redor do complexo onde não são permitidos automóveis e outros veículos poluentes. Tudo para preservar o mármore branco que recobre 100% do Taj Mahal. Em Agra também visitei o forte da cidade (nada muito especial) e a cidade de Fatehpur Sikri, antiga capital da região e que foi abandonada após poucos anos de uso pois o abastecimento de água era deficiente. Com isso, o forte e a mesquita construídos há mais de 400 anos estão num estado de conservação invejáveis.

Uma cena marcante: assim como eu observo as pessoas com curiosidade, eles também me olham da mesma forma. No City Palace em Udaipur fiquei com vontade de fotografar algumas pessoas que estavam numa roda, aparentemente da mesma família. Eu olhava, procurava uma posição discreta, mas não conseguia bater a foto. Eles não paravam de me olhar. No fim perguntei para uma das crianças se eu podia fazer a foto. A minha intenção era a menina, mas no mesmo instante a família toda sorriu e se preparou para a foto. Depois do quebra gelo ficamos amigos, e tirei varias fotos deles durante o passeio.

Hoje finalizei o meu roteiro na Índia. Se eu tiver uma nova oportunidade voltarei para cá no futuro, incluindo as cidades do sul do país. Para ver as fotos da Índia clique em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600206950912/

=========================
=========================
=========================
=========================
===================================

Para quem gosta de estatística: hoje completo 66 dias de viagem, que correspondem a 35% do roteiro planejado. Passei por 23 cidades em 6 paises. Se considerar as viagens em avião, trem e ônibus eu rodei até agora quase 38 mil km, que correspondem a 94% da circunferência da Terra na linha do Equador. Já dormi em 33 camas diferentes!

===================================

Fiz contato com o casal Fernando e Marilia, que completou uma viagem de volta ao mundo e tem histórias engracadíssimas na Índia. Quer quiser conhecer os relatos clique em http://vidasimples.abril.com.br/voltaaomundo/index.shtml?pais=Índia
===================================
(Bangkok, 19/05/2007 – 17h30) Cheguei a pouco em Bangkok, na Tailândia, e mais tarde farei um vôo domestico até Chiang Mai, onde começo a fotografar depois de quase 2 dias de muitas horas em aviões e aeroportos. No caminho até aqui passei por Singapura, uma ilha-cidade-país que fica próxima da linha do Equador.

Em Singapura tive 20 horas disponíveis, suficientes para conhecer o aeroporto, o metrô e o albergue da juventude onde dormi. O aeroporto é um dos mais modernos que conheci, comparável ao de Dubai nos Emirados Árabes. O processo de imigração é simples e rápido. Dentro do aeroporto há diversos quiosques com internet grátis e muuuuuuuuitas lojas.

A estação do metrô, também super moderna, fica dentro do aeroporto. As pessoas são jovens e me pareceram muito animadas (ok, era uma sexta-feira). Eles usam roupas como as nossas, ocidentais. Cheguei ao albergue e em poucos minutos fui para a Orchard Street, principal rua turística e comercial. Meu objetivo não era comprar nada (primeiro por conta do orçamento e segundo por que não cabe na minha mala), mas para observar o movimento. Pelo que pude perceber, os preços são ligeiramente maiores do que no Brasil. Infelizmente, como era noite, não pude fazer a minha sessão de fotos das pessoas. Comi carne de caranguejo a milanesa e voltei para o albergue.

Depois de conhecer paises menos desenvolvidos como o Egito, o Nepal e a Índia, é chocante passar por Singapura (no bom sentido, é claro!). Parece um país europeu habitado por chineses.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Rajastão, a terra dos Marajás!

(Udaipur, 10/05/2007 – 22h00) Já mencionei algumas vezes aqui no blog que ouvi mais comentários negativos do que positivos sobre a Índia (numa proporção de 10:1). Tenho me preocupado com isto desde a montagem inicial do roteiro (para quem tem boa memória, a Índia foi o primeiro país a entrar na minha lista). Desta forma, o meu principal desafio foi descobrir como tornar a experiência na Índia prazerosa, e evitar o desconforto vivenciado pelos meus amigos viajantes.

A Índia tem cerca de 1 bilhão de habitantes e uma área menor que a do Brasil. Grande parte da população vive em condições precárias e com um mínimo de higiene. Não há como não perceber estas coisas, pois estão espalhadas por todos os lugares onde passei (o meu roteiro não inclui as cidades mais desenvolvidas no sul da Índia).

Nas ruas você encontra muita sujeira, vacas, galinhas, gente empurrando carroça, carros, muitas motos e rickshaws (mistura de moto com charrete). Eu também vi camelos e elefantes, embora mais raros. Certamente muitos lugares no Brasil são parecidos com a Índia. Porém, como integrantes da classe média, nós evitamos olhar ou passar por estes lugares.

Como tenho somente 12 dias para a Índia, decidi concentrar o meu roteiro no Rajastão, famosa terra dos antigos marajás. São cidades menores e bem preparadas para o turismo. A minha primeira cidade foi Jodhpur (foto ao lado do forte Meherangarh). Para ganhar tempo e evitar a confusa estação de trem em Delhi resolvi fazer este primeiro trecho de avião.

Jodhpur é mais conhecida como a cidade azul, pois grande parte das casas é desta cor. Mas a atração mais interessante da cidade é o forte que fica no alto de uma colina. Ele é imenso e muito bem conservado. A sua construção foi iniciada no século XVI. Logo ao chegar à cidade, tomei um rickshaw e fui ate lá para fazer algumas fotos externas.

O único problema é a temperatura de 42 graus. Não há sombra! O vento é quente, não refresca nem um pouco... O jeito é tomar água, muita água. Em media tomo uns 5 litros de água por dia, além de alguns refrigerantes. Embora o desconforto do calor seja grande, ele traz alguns benefícios. Quase não há turistas, o assédio dos vendedores é pequeno (eles também sentem calor) e os preços são baixíssimos. Em quase todos os hotéis eu fui o único hóspede. Com isso consegui bons quartos com ar condicionado.

No dia seguinte voltei ao forte para fotografar o seu interior, digno de um marajá. Mas antes gastei quase 2 horas para comprar a minha passagem de trem para Jaisalmer. A estação estava cheia, e há um guichê para atender estrangeiros, mulheres e idosos. O problema é que se formam 3 filas para um único atendente, ai vocês podem imaginar a confusão...

No final da tarde subo novamente até o forte para fotografar o por do sol (o que vocês acham do efeito ao lado?). Resolvo jantar no restaurante do próprio forte, no alto das muralhas. Que lugar magnífico e romântico! Esse seria um ótimo momento para estar acompanhado... Volto para o hotel, tomo banho e vou para a nada romântica estação de trem. Pessoas dormindo no chão, nenhuma placa em inglês, eu começo a ficar preocupado... Pessoas me rodeiam, curiosas. Algumas perguntam de onde eu sou. Mas tudo muito tranqüilo, sem nenhuma intenção adicional. Afinal de contas, eu era o estranho naquele lugar! A viagem era noturna, com 6 horas de duração, tinha ar condicionado e havia uma pequena cama na parte superior do trem. Embora não muito confortável, deu para descansar.

Chego em Jaisalmer às 6 da manhã, durmo algumas horas no hotel (assim como todos os hotéis que fiquei no Rajastão, este também era muito bom). Mas fico decepcionado com o forte, construído em 1.156... Eu tinha uma alta expectativa em relação a ele, tanto de amigos quanto do Lonely Planet. Diferente do forte de Jodhpur que não é habitado, este é um onde as pessoas moram dentro. Há hotéis, agencias de turismo, restaurantes... O calor era muito intenso, pois Jaisalmer fica no deserto de Thar. A melhor parte do passeio é o museu, que retrata a historia dos antigos marajás.

No final da tarde resolvo ver o por do sol no deserto. Para chegar até lá são necessárias uma hora de jipe e mais uma hora e meia hora de camelo. Um casal de italianos faz o passeio comigo, o Andrea e a Gabriela. Eles também estão numa viagem de volta ao mundo, e aproveito para trocar uma série de experiências.

Meu camelo chamava-se Michel. O guia tentou me explicar o motivo mas não consegui entender... O bicho anda bem devagar, conduzido pelo guia. Montar e desmontar são muito fáceis, pois o camelo agacha numa altura razoável. A hora de levantar é um susto, pois ele primeiro levanta a parte traseira (ou seja, você é jogado para a frente) e depois a dianteira. Não sei ao certo, mas acho que ele me mantém há mais de 2 metros do chão.

No final o jantar é preparado pelo guia em uma cozinha improvisada na areia. Comida indiana típica, vegetariana. Para comer usa-se a mão direita. É meio estranho, embora para eles seja o costume do dia a dia. Depois de um tempo meio atrapalhado, desisto e peço uma colher... A comida era ótima, bem temperada! Aliás, todas as refeições que fiz na Índia foram muito boas. A comida sempre é saborosa, picante. No hotel comi uma incrível pizza de cebola e queijo, numa massa folhada e crocante. A tal da Samosa é a minha preferida. Parece um pastel e é recheada com vegetais. Já que aqui não tem quibe nem empanada...

No dia seguinte visitei um complexo de templos Jainistas, outra religião praticada na Índia. Em vários aspectos os templos me lembraram os Budistas e os Hinduístas. É permitido visitar 5 dos 7 templos, todos interconectados entre si. O que mais me impressiona é a grande quantidade de esculturas em pedra distribuídas pelo complexo. Tudo muito limpo e conservado.

É hora de deixar Jaisalmer. O meu próximo destino é Udaipur. Não há trem ou avião que faça essa rota. O jeito é enfrentar uma viagem de ônibus com 14 horas de duração. E sem ar condicionado... Chego meia hora antes da partida, onde deveria ser a estação rodoviária. A única sombra disponível é a de uma árvore. São 3 horas da tarde, o calor é absurdo.

Dentro do ônibus os assentos estão dispostos de uma forma convencional. As camas ficam acima dos assentos. Há camas individuais e camas duplas, e a privacidade é obtida com portas de correr. Não há banheiro. O meu tíquete é para uma cama individual. Felizmente o comprimento da cama é do meu tamanho. Abasteço-me com muita água e tento me distrair lendo os guias de viagem e editando algumas fotos no notebook.


Nunca suei tanto na minha vida! O ônibus não é expresso, e pára o tempo todo para subir ou descer pessoas. Em algumas paradas aproveito para comprar água gelada. Anoitece e já não tenho disposição para ler mais nada. O ônibus faz uma parada intermediaria de 1 hora, num lugar sem nenhum atrativo. Percebo que a temperatura está diminuindo, mas não há nenhuma brisa. A segunda parte da viagem dura umas 6 horas e o ônibus já não faz tantas paradas. Com um vento agradável consigo dormir até a chegada em Udaipur. Nunca um banho foi tão importante!

Udaipur é uma cidade onde as principais atrações estão próximas umas das outras. Desta forma aproveito para caminhar bastante. Visito o Bagore-Ki-Haveli 2 vezes. Durante o dia funciona como um museu, em uma casa com 138 aposentos. A noite há um espetáculo de danças típicas do Rajastão, bem interessante.

(Katmandu, 05/05/2007 – 16h40) Não posso deixar de contar como foi a saída de Katmandu. O vôo estava marcado para as 16h00, e chego ao aeroporto com 2h30 de antecedência.

13h30 – para entrar no saguão pego a fila do raio X. As malas recebem um lacre da polícia. Algumas pessoas e bagagens são revistadas;
13h40 – antes de fazer o check in tenho que ir ao banco para pagar a taxa de embarque;
13h45 – para fazer o check in a bagagem a ser despachada precisa ser inspecionada pela companhia aérea e ganha um novo lacre;
13h50 – faço o check in
13h55 – dirijo-me para a área de embarque. Para subir as escadas é necessário apresentar o cartão de embarque;
14h00 – entro na área de imigração e fico na fila;
15h00 – depois de 1 hora na fila passo pela imigração e o cartão de embarque é carimbado;
15h10 – gasto uns dez minutos para comer alguma coisa e tomar um refrigerante;
15h15 – entro em outra fila. Desta vez todas as pessoas são revistadas e as bagagens de mão passam novamente pelo raio X;
15h30 – mais uma fila, desta vez para que a bagagem de mão seja inspecionada. O cartão de embarque é novamente carimbado;
15h35 – entro no corredor até chegar ao terminal indicado. Pela movimentação, pelo menos 3 vôos estariam embarcando pelo mesmo terminal. Não há nenhum painel eletrônico. Os passageiros em duvida perguntam a qualquer um que tenha cara de funcionário de companhia aérea quando será o embarque. A resposta usual é `5 minutos´;
16h00 – começa uma chuva muito forte. Nenhum embarque foi iniciado. Ainda bem, pois a chuva era realmente muito forte;
16h10 – olho pela janela e vejo os funcionários do aeroporto tentando sem sucesso proteger as malas da chuva. Duvido que alguma fique seca... ;
16h30 – uma pessoa gripa no salão que o embarque está autorizado. Apresento o meu cartão de embarque. Para chegar ao avião tenho que tomar um pouco de chuva;
16h35 – antes de subir pela escada do avião todas as pessoas tem que abrir a bagagem de mão para inspeção pela companhia aérea. O cartão de embarque recebe mais um carimbo;
16h38 – entro na fila da escada do avião. Desta vez todas as pessoas são revistadas pelo funcionário da companhia aérea. Outra pessoa recolhe o cartão de embarque;
16h40 – meu assento está ocupado e tenho que chamar o funcionário para resolver a situação;
16h58 – acabo de escrever estas notas e nada do avião decolar. O comissário de bordo serve um refrigerante aos passageiros;
17h20 – o avião da Air Sahara decola. O vôo é tranqüilo e a comida servida é muito boa.