quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Os 10 principais desafios!

Você pode estar pensando: essa viagem é moleza! Com uns US$ 200 mil daria para viajar em 1ª classe, contratar intérpretes em todos os paises, carregar uns 100 quilos de compras, comer somente em restaurantes internacionais, dormir em hotéis 5 estrelas, e, se der saudades, dar uma passadinha pelo Brasil.....

E com 10% deste valor, o que dá pra fazer? Este é o 1º desafio! Com isto estabeleço as metas de gastos que terei durante a viagem, considerando passagens aéreas, refeições, estadias e passeios.

O 2º desafio é o da comunicação. Tenho uma boa base de inglês que será muito útil em diversos lugares. Mesmo assim preciso desenferrujar, perder a vergonha, falar sem pensar, com maior naturalidade. O meu portunhol fluente já me ajudou bastante em outras ocasiões. Mas como fazer em paises nos quais o inglês, o espanhol, e principalmente o português são completamente desconhecidos pela maioria da população? Como será “onde fica esta rua” no Camboja ou “o que temos para comer” na Zâmbia?

Nestes 6 meses estarei em contato com múltiplas culturas. Passarei por países com milhares de anos de história. Encontrarei religiões tão diversas quanto o hinduísmo, o anglicanismo, o cristianismo ortodoxo, o budismo, o catolicismo, o islamismo, entre outras. Conhecerei pessoas de diversas nacionalidades e de idades variadas. Como assimilar tanta informação? Este é o 3º desafio!

O 4º desafio é o das escolhas. O meu tempo é limitado. Quantos dias devo permanecer em cada localidade? Quais são os lugares mais significativos? Se um gringo me perguntasse sobre o Brasil, eu falaria que os melhores lugares são: Amazônia, Lençóis Maranhenses, Jericoaquara, Natal, Fernando de Noronha, Salvador e o litoral baiano, Chapada Diamantina, Pantanal, Brasília, Chapada dos Veadeiros, Serra do Cipó, Itatiaia, Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro, Búzios, litoral norte de São Paulo, Foz do Iguaçu, Florianópolis, Aparados da Serra, etc. Em 6 meses dá para conhecer bem o Brasil, mas se o gringo tem somente 1 mês, quais seriam as melhores escolhas? Aproveite e comente no blog sobre os seus lugares preferidos no Brasil.

O 5º desafio está relacionado com as longas viagens aéreas. Como resistir a esta maratona? Serão aproximadamente 50 mil milhas percorridas em vôos durante os próximos 6 meses. Isso quer dizer que eu, somando tudo, passarei 300 horas dentro de um avião, ou seja, mais de 12 dias inteiros! Como suportar a comida de bordo? E as pernas, resistirão às poltronas da classe econômica? Sem contar a interminável espera nas salas de embarque, os deslocamentos dos hotéis para os aeroportos, normalmente distantes do centro urbano, os procedimentos de imigração e de aduana, as mudanças de fuso horário, etc.

A alimentação corresponde ao 6º desafio. Na Inglaterra, na Itália e na Espanha em pleno verão, os gastos com alimentação são elevados e precisam ser bem administrados. No sudoeste asiático e na África a comida é bem diferente em relação ao que estamos acostumados, as condições de higiene nem sempre são as melhores, e há sempre o risco de não entender direito o que está escrito no cardápio...... Ouvi dizer que na Indonésia é comum colocar insetos em alguns pratos! Quero fotos!!! Imagino que eu vá comer muita tranqueira na viagem, em fast foods e em supermercados. Como me manter bem alimentado sem estourar o orçamento, sem crises estomacais e sem ultrapassar o meu limite técnico de 84 kg (hoje peso 82 kg)?

Dormirei em cerca de 80 camas diferentes ao longo da viagem! Sem contar os travesseiros, cobertores e as roupas de cama. Em muitos lugares ficarei em albergue da juventude, em quartos compartilhados. Provavelmente encontrarei alguns lugares barulhentos e quentes. Em algumas cidades o vôo chega durante a madrugada e não vai dar para escolher direito onde ficar. Isso me lembra a primeira vez em Madri, quando eu procurei uma pousada durante horas e acabei compartilhando um quarto com um iraquiano. Mais tarde descobri que ele usava heroína e tinha uma adaga dentro do quarto..... Desta forma o 7º desafio será como dormir bem nestas situações?

O 8º desafio é: como fazer a mala de viagem ideal? Encontrarei uma grande variedade de climas: final de inverno na Inglaterra, deserto quente no Egito, frio de montanha no Nepal, muito calor na Índia, risco de chuva torrencial das monções na Tailândia e no Camboja, calor em Bali, inverno nas montanhas da Nova Zelândia, calor na África e depois o verão tórrido na Europa. Certamente terei que lavar a roupa frequentemente. Além disso, tenho que carregar todo o equipamento de fotografia, o note book, os carregadores de bateria, adaptadores de tomada e os guias de viagem. Todo este volume deve caber em uma mochila e em uma mala de 20 kg. Será possível?

Eu acredito muito na minha força de vontade e na minha determinação. Mas isso pode não ser suficiente para superar os obstáculos que eu encontre na viagem. Assim, o 9º desafio é o de vencer os medos e os obstáculos que venham a me atormentar durante o percurso. Medo de ficar sozinho, medo de desanimar, medo de me perder, doenças, dores, notícias ruins, cansaço, desconforto, etc. Será que eu consigo?

O 10º desafio é o mais difícil! Como superar a saudade, que eu certamente sentirei, de todas as pessoas e coisas que eu gosto? Da minha família, dos meus amigos, da alegria do Brasil, de falar português, do nosso clima, do futebol (acho que não, pelo visto vai ser mais um ano difícil para o Palmeiras), do meu apartamento, da minha cama, de dançar forró, de comer empanadas perto de casa, da pizza na 1900, do quibe no Dib, do sushi no Koi, do café da manhã na padaria, da festa do divino em São Luiz do Paraitinga, de correr no Ibirapuera, do “inverno quentinho” em Tapiraí, do piquenique anual em Campos do Jordão, etc.

Realmente, não será fácil!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

O roteiro!

O roteiro da Volta ao Mundo não surgiu em um único sonho. Ele foi sendo construído e alterado a partir de diversos acontecimentos, e foi influenciado por várias pessoas. Tudo começou em outubro de 2006 na viagem para o Atacama. Fiquei contagiado pelo espírito aventureiro dos viajantes europeus e americanos que faziam viagens longas pela América do Sul, durante 6 meses ou até mais. Alguns de vocês sabem que há uns 12 anos eu também fiz uma viagem longa, pelo nordeste brasileiro, durante 3 meses em pleno verão.

Por outro lado, a idéia de sair do emprego amadureceu. É claro que isso criaria um problema, pois eu não tinha nenhuma oportunidade em vista. Foi ai que surgiu a 1ª idéia concreta: aproveitar o tempo livre e fazer um curso de inglês no exterior, possivelmente no Canadá. Depois do inverno, é claro! Em algum momento o Caminho da Santiago invadiu os meus pensamentos como uma outra forma de aproveitar o tempo livre. Resumo do Atacama: sonhos anotados e o Edu de volta para São Paulo.

No trabalho escutei as histórias da viagem da Renata para a Índia. Contagiante, ela facilmente me convenceu de que a Índia era o meu próximo destino. Em dezembro saí do emprego e aproveitei os últimos dias do ano para visitar algumas exposições de fotografia. Numa destas tardes vi uma série de fotos maravilhosas da Croácia expostas no Conjunto Nacional. Era mais um pais que entrava para a minha lista........


Fui para o reveillon no Rio de Janeiro com uma idéia preliminar da viagem, que começaria no Canadá, passaria pelo Caminho de Santiago e por fim a Índia. O plano inicial previa 1 mês em cada localidade. A Croácia ficaria para outra ocasião. No Rio mais influências: o André havia feito o curso de inglês na Austrália e achou o máximo. Bastaram alguns minutos para que eu trocasse o frio canadense pelo verão australiano. Poxa, mas para chegar na Austrália eu poderia fazer uma conexão na África do Sul.... por que não???

O Miguel era espanhol e também controlador de vôo. Ele me deu uma dica que me ajudou a dar liga para este roteiro: em Londres se vendiam tíquetes aéreos que davam a volta ao mundo por preços bem razoáveis. Não deu outra. Voltei para São Paulo e passei alguns dias na internet pesquisando as opções disponíveis. Nesta momento o roteiro estava África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Itália e o Caminho de Santiago, em cerca de 4 meses. Quem me conhece pode imaginar quantas planilhas em Excel eu tinha neste momento............. afinal de contas, o orçamento tinha um limite!

Li o livro A Viagem de Théo, de Catherine Clément, que conta um pouco da história das religiões por meio de uma viagem por Israel, Egito, Grécia, Vaticano, Turquia, Índia, Indonésia, etc. Muito bom!
Neste momento apareceram mais influências. Num happy hour com a Maria Clara e suas amigas, todas com muitas viagens no currículo, surgiu a idéia de aproveitar melhor a estada na África para conhecer outros paises. Novamente surgiu a Croácia na conversa, e pela primeira vez a idéia de fazer o curso de inglês na Inglaterra ganhou espaço. A Katu havia feito curso em Londres e também apoiou a mudança. A viagem teria uma duração de 5 meses, e o orçamento começou a ficar apertado.

A Juliana com suas viagens e seus guias deram o contorno final da viagem: inglês em Londres, maior permanência na África e a inclusão obrigatória do Nepal, da Tailândia, de Bali (na Indonésia) e do Camboja. Não teve jeito, tive que cortar algumas coisas, o Caminho da Santiago ficou para uma outra ocasião, a permanência na Índia foi reduzida e..... o orçamento estourou! Mais pesquisas na internet, mais consultas aos amigos viajados e pronto! O roteiro estava fechado com 6 meses de duração.

Felizmente tive tempo de fazer uma mudança importante. Fazer o roteiro no sentido anti-horário faria com que eu pegasse as monções no sudoeste asiático, o que poderia comprometer bastante a viagem. Ao inverter o sentido da viagem consegui também alguns horários melhores para os vôos. Nesta horas dá pra perceber como é importante um bom planejamento!

sábado, 10 de fevereiro de 2007

O sonhador!

Quem me conhece sabe que eu gosto de sonhar. Não se trata dos sonhos de uma noite bem dormida, mas sim daqueles sonhos que a gente tem quanto está acordado, num momento de pura inspiração. Sonhar não custa nada, é divertido, e é típico de um aquariano..... bom, para quem não é aquariano isto deve parecer um pouco de devaneio...... mas não vou entrar em polêmicas neste instante!

Quem me conhece deve achar estranho, mas eu anoto todos os meus sonhos! Lembrar dos sonhos me faz bem, funciona como uma válvula de escape, e estimula a minha imaginação. Lembrar dos sonhos traz sentido para a minha vida. Lembrar dos sonhos me ajuda a imaginar como preencher os próximos anos da minha vida. E olha que eu já tenho sonhos até para os 70 anos........

Os meus sonhos podem ser classificados em 3 grupos: A) sonhos já realizados; B) sonhos que talvez sejam realizados; e C) sonhos impossíveis. Uma observação: esta é outra característica minha, a de segmentar as coisas....... Lembrar do grupo A serve pra garantir que eu já fiz muitas coisas interessantes....... e que provavelmente serão tema para o meu futuro livro. Ops, revelei um dos sonhos. Hahahahaha. Mas não se preocupe, a lista de sonhos é grande! O grupo C...... este é o mais difícil de explicar, pois mesmo sendo impossíveis, eu teimo que um dia conseguirei realizá-los.

Esta viagem de Volta ao Mundo faz parte do grupo B. Mas há pouco tempo atrás fazia parte do C..............