sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Sonho realizado!

(São Paulo, 31/08/2007 – 14h30) Amigos, como vocês devem ter percebido, já retornei ao Brasil. Avaliei que encurtar a viagem me faria bem. As principais razões foram a saudade, o cansaço e o orçamento. Saudades da minha casa, da minha família, dos meus amigos, das minhas coisas no Brasil. O cansaço fez diminuir a minha capacidade de assimilação. E com a economia da redução, eu consigo manter o orçamento dentro do previsto. Embora estas questões estivessem na minha cabeça há algum tempo, a decisão foi quase que impulsiva. Ao devolver o carro alugado no aeroporto, pensei, por que não perguntar se há vagas no vôo de hoje à tarde...

Na Itália, após deixar Firenze, passei por Pisa (com sua torre inclinada), Lucca (e suas bicicletas), Cinque Terre (cidades construídas nas rochas sobre o mar), Bologna (uma agradável cidade universitária), Veneza (e seu cenário romântico) e Verona (com seu teatro romano). As fotos da Itália estão em
www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157601523556254.

Ainda não sei se esta será a última postagem ou não. Talvez eu escreva sobre as minhas conclusões da viagem. Ou sobre o que funcionou (ou não) do planejamento. Ou faça um ranking com os melhores e os piores momentos. Agora não consigo pensar nestas coisas pois estou bastante cansado.

Aproveito para agradecer a vocês que me acompanharam durante quase 6 meses de viagem e por 20 paises diferentes. Foi muito bom compartilhar a realização de um sonho tão importante. Obrigado pelo apoio, pelos comentários, pelas críticas e pelas sugestões recebidas. Escrever para o blog foi uma experiência inédita para mim, e a interação com vocês foi muito gratificante. Caso você queira enviar uma mensagem utilize o próprio blog. Ou se preferir, envie para o e-mail
efeijo@hotmail.com

E qual será o próximo sonho a ser realizado?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Bella Italia!

(Firenze, 21/08/2007 – 20h30) Eu iniciei a etapa italiana da viagem com alta expectativa. Trouxe uma lista enorme de recomendações dos meus amigos. Reservei 3 semanas do roteiro para este país, a etapa mais longa de todas na viagem (sem considerar a Inglaterra, onde a minha permanência foi maior por conta do curso de inglês). Para ganhar tempo nos deslocamentos e aumentar a flexibilidade do roteiro resolvi investir na locação de um carro. E fui recompensado até agora com 11 dias maravilhosos!

Comecei por Roma. A cidade do irresistível Coliseu, uma construção de quase 2 mil anos e muito bem preservada. Em 3 dias caminhei muito pois o relevo é quase plano. Há inúmeras ruínas e igrejas que podem ser visitados gratuitamente. Um bom mapa é importante, mas um passeio sem destino pelo centro histórico é super agradável.

O único problema nesta época do ano é a massa de turistas europeus que invadem Roma e que formam filas intermináveis. Desisti de visitar a Capela Sistina no Vaticano, pois a espera era de 3 horas. Subi no domo da Basílica de São Pedro onde foi possível saborear a visão que o Papa tem quando aparece em público. Praticamente não tive contato com um verdadeiro italiano em Roma.

O meu destino seguinte foi Salerno, na parte sul da Itália. É uma cidade agradável, cheia de ladeiras, que usei como base para conhecer Nápoles, a costa Amalfitana e as ruínas de Pompéia e Paestum. Nesta região andei por estreitas ruelas medievais e pude observar um pouco da vida cotidiana. A cena mais típica são as roupas penduradas nas janelas das casas. No próprio AJ não havia secadora de roupas, e eu tive que improvisar um varal num terraço ao lado. Ao caminhar é fácil escutar a conversa que vem das casas. Não que eu queira insinuar que os italianos falem alto...

A cidade de Pompéia, atingida por uma erupção do Vesúvio um ano antes da inauguração do Coliseu em Roma, tem ruínas que impressionam pela sua dimensão. É possível imaginar o poder que a cidade possuía naquela época, assim como a tragédia humana provocada pelo vulcão. Em Paestum vi construções ainda mais antigas, como esta da foto, num tempo em que a Itália era dominada pelos gregos.

Deixei Salerno rumo a Firenze, na região da Toscana, onde fiz a minha base nos últimos 4 dias. Firenze (como é conhecida pelos italianos, Florence em inglês) oferece uma oportunidade única para se admirar grandes obras da Renascença, especialmente na Galeria Uffizi. Aqui viveram Michelangelo e Machiavel.

Visitei as cidades medievais de San Gimignano e Volterra. Depois de várias semanas de tempo bom, o céu cinzento e a chuva prejudicaram as fotos. Embora não tenha mencionado anteriormente, experimentei pizza em todos os lugares por onde passei e na Toscana encontrei a melhor até agora. No supermercado comprei alguns tipos diferentes de salame e improvisei uma pequena sessão de degustação no meu quarto. Na Itália se come muito bem!

Tenho mais 11 dias na Itália, e pretendo visitar Pisa, Bologna, Veneza, Verona e Milão. Espero não engordar!!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A Grécia é azul!

(Roma, 12/08/2007 – 19h20) Um dos momentos mais difíceis quando escrevo para o blog é a escolha do título. Procuro palavras que sintetizem as minhas emoções e percepções. O título deve ser curto e conter o nome do país (ou da cidade em algumas situações). No caso da Grécia, estava em dúvida entre explorar a riqueza arqueológica ou explicitar a liberalidade nas praias.

Uma última revisão das fotos me chamou a atenção para a predominância da cor azul. Seja no céu, no mar, na decoração das inúmeras igrejas ou nas portas e janelas contrastantes com o branco das casas, o fato é que o azul aparece com destaque em mais de 80% das minhas fotos. A própria bandeira da Grécia, com faixas azuis e brancas, ajuda a comprovar a minha tese.

Comecei a viagem por Atenas, onde reencontrei a Mônica e a Carmen. Embora a cidade tenha milhares de anos de história, ela é moderna e não tem o mesmo charme de Istambul. As principais ruínas ficam no complexo de Acrópoles, incluindo o Partenon, construção imponente que ocupa o alto de uma colina há 2.500 anos. Gostei do bairro de Plaka, cujos bares, restaurantes e lojas ficam cheios de turistas.

Decidi ficar somente 1 dia em Atenas e no dia seguinte tomei o ferry até a ilha de Syros. O transporte em ferry é a forma mais utilizada para a locomoção entre as ilhas. Os barcos são grandes, modernos e rápidos, embora este primeiro trecho tenha demorado umas 4 horas. Syros é uma ilha agradável, sem a mesma badalação de Mikonos ou Santorini, e da janela do meu quarto eu podia ver o mar. A principal atração em Syros é a caminhada até igreja que fica no alto de uma montanha.

Fui para Mikonos e a minha primeira experiência não foi nada agradável. Havia enviado um e-mail para a pousada onde informava o horário da minha chegada. No entanto ninguém foi ao porto para me transportar. Tomei o ônibus até a vila e, sem saber direito a localização da pousada, eu decidi enfrentar a ladeira puxando os 20 kg da minha bagagem... Acho que nunca suei tanto na minha vida!

Mikonos é famosa pelo culto ao corpo. As praias são maravilhosas e há muita badalação. Na cidade, as ruas labirínticas estão coalhadas com lojas de grife. Um sentido de tolerância irrestrita permite que a sexualidade seja demonstrada de inúmeras formas. Nas praias é comum o topless, o namoro homossexual e a nudez completa. Não há áreas exclusivas, e as famílias ocupam os mesmos espaços. No meio de alguns sustos, certa indignação e muitas risadas, concluímos que uma temporada em Mikonos não se esquece tão rápido. Veja fotos em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/sets/72157601291983625/ (as fotos de nudez foram censuradas).

A melhor forma para se conhecer as praias em Mikonos é de carro. A ilha é montanhosa e as estradas sinuosas são uma diversão a parte para quem dirige. Em alguns pontos só um carro consegue passar. A paisagem é árida, pedregosa. Pequenas igrejas brancas estão espalhadas pela ilha e contrastam com a paisagem seca. Praticamente todas as casas têm um curioso formato cúbico. Mais uma curva e... Somos presenteados com a visão panorâmica de uma nova praia. Também fizemos um passeio de meio período pelas ruínas e vistas panorâmicas da ilha de Delos.

A ultima ilha a ser visitada é Santorini. Esculpida por erupções vulcânicas e terremotos, ela tem o formato de uma lua crescente. O lado de dentro da lua fica no alto da cratera, dezenas de metros acima do mar, enquanto o lado de fora tem praias cobertas por pedras pretas de variados tamanhos. Debruçados na cratera estão as pousadas e os restaurantes.

Ficamos frustrados com as praias de Santorini, que não têm a beleza das que encontramos em Mikonos. Por outro lado, caminhar pela borda da cratera permite um panorama único, maravilhoso. E é claro, tomar vinho e ver o por do sol bem acompanhado não tem preço...

Confira as fotos da Grécia em

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A surpreendente Turquia!

(London, 01/08/2007 – 19h00) Desde o meu primeiro momento em Istambul eu tenho sido surpreendido positivamente. O desembarque ágil no moderno aeroporto, o bonde rápido que me leva direto ao centro da cidade, a descoberta de que quase todas as atrações estão a menos de 30 minutos de caminhada, o delicioso kebap, um espetinho de carne ou frango que se tornou a minha refeição predileta, e a hospitalidade do povo turco, que enfrentou inúmeras guerras e invasões numa história de milhares de anos.

Ora os romanos, ora os gregos, ora os árabes. Todos sempre cobiçaram aquela terra estratégica que une a Ásia e a Europa. O próprio povo turco é originário da Ásia central. Istambul, importante cidade dos impérios bizantino e otomano, já foi Bizâncio e depois Constantinopla. A religião predominante já foi a cristã, e agora quase todos são muçulmanos. Embora seja um país em desenvolvimento, a taxa média anual de crescimento tem estado ao redor de 7%. O desejo dos governantes é fazer parte da Comunidade Européia. Embora a Lira seja a moeda oficial, o Euro é largamente utilizado nas cidades turísticas.

O fato é que eu não tive descanso nesta etapa da Turquia. Foram 3 dias e meio em Istambul e 4 dias na Capadócia de muitas atividades. Nesta época do ano o calor é intenso, acima dos 30 graus, e o sol se põe quase 9 horas da noite. Assim que cheguei ao hotel sai para conhecer os arredores.

Assisti, meio que por acaso, na estação de trem, um show de dança Derwish. É uma dança típica da Turquia, acompanhada por uma pequena banda, na qual os dançarinos buscam o êxtase por meio de giros contínuos sobre a perna esquerda. Eles usam o pé direito para manter a velocidade. A cabeça fica inclinada sobre o ombro e os braços ficam estendidos na maior parte do tempo. A performance dura uma hora. Não sei se eles atingem o êxtase, mas com certeza eu ficaria muito tonto se tentasse reproduzi-la...

Em Istambul visitei a Mesquita Azul (foto ao lado), com cerca de 400 anos, e a Aya Sophia, uma igreja construída há mais de 1.500 anos, convertida em mesquita durante o domínio árabe e que agora funciona como museu. Visitei também dois ótimos museus, o Arqueológico e o de Artes Islâmica e Turca.

Um dos lugares que mais gostei foi o charmoso Kariye Museum. É uma antiga igreja, com pinturas e mosaicos do século XIV e que também funciona como museu. Visitei o Topkapi Palace, antiga residência do sultão, cuja ala mais interessante é o labiríntico harém, com inúmeros andares, aposentos e corredores. Caminhei pelo Grand Baazar e suas 1.200 lojas na área coberta (e mais de 4.000 se considerada a área descoberta ao seu redor).

De Istambul fui para Goreme, no lado asiático da Turquia, numa região conhecida como Capadócia. Posso afirmar que este é um dos lugares mais bonitos e exóticos nos quais estive até hoje, principalmente por causa das formações rochosas em forma de cone, como estas da foto (que eles chamam de chaminé).

Numa época distante a atividade vulcânica na região produziu um solo composto predominantemente por turfa. A erosão, causada especialmente pela neve que cai durante 5 meses ao ano na Capadócia, faz com a turfa ganhe a forma cônica. Na foto é possível identificar chaminés em diversos estágios de desenvolvimento (clique na foto para ampliar). As chaminés desapareceriam por completo se não houvesse a presença de liquens, que aderem à superfície da rocha e aumentam a sua resistência. Na foto é possível observar, no canto inferior direito, algumas chaminés cobertas por liquens e que assumem uma coloração mais escura.

Numa situação ainda mais exótica, como esta da foto, a turfa pode estar sob um pedaço de basalto, uma rocha mais resistente e que oferece "proteção" à chaminé contra a neve. Nestes casos o maior risco são os ventos que afunilam o cone e provocam o desabamento do basalto. Para quem gosta de desafios: como um pedaço de basalto foi parar em cima da turfa? Há uma foto no álbum da Turquia que desvenda o mistério...

Como se já não houvesse motivos para considerar a Capadócia interessante, eis que os antigos habitantes da região, há mais de 1.000 anos, descobriram que a turfa poderia oferecer abrigo e eles passaram a escavar as rochas para transformá-las em casas-cavernas, como esta da foto. Eu não tenho um número preciso, mas certamente há milhares destas cavernas espalhadas pela Capadócia. Passei por casas com até 7 pavimentos!

Pelos motivos acima, talvez alguns de vocês já considerem a Capadócia uma opção de viagem para os próximos 5 anos. E se eu disser que a hospedagem pode ser realizada numa espaçosa caverna, dentro de uma chaminé verdadeira, com vista panorâmica, em uma charmosa pousada, com um café da manhã completo e por menos de US$ 30 ao dia? A foto ao lado é a do meu "quarto". Repare que não há amenidades modernas como banheiro (que fica numa instalação ao lado), televisão ou ar condicionado. Para quem quiser conferir o site da pousada é
www.kelebekhotel.com.

Os cristãos dos séculos XI e XII construíram verdadeiros complexos religiosos dentro das cavernas, que incluem igrejas, alojamentos e refeitórios. As igrejas eram decoradas com afrescos que foram razoavelmente preservados pela proteção da turfa. O maior problema para os afrescos aconteceu quando os muçulmanos passaram a utilizar estas cavernas para oração e, por motivos religiosos, as faces foram danificadas.

Como proteção contra invasores, os povos antigos da região construíram dezenas de cidades subterrâneas interconectadas. Algumas delas estão abertas à visitação. Estas cidades têm dormitórios, armazéns, cozinha e sistema de ventilação. Uma das coisas que mais impressiona nas cidades subterrâneas são as instalações para o preparo do vinho. Na entrada da cidade eles deixavam animais com o objetivo de enganar visitantes indesejados.

A melhor forma para se conhecer as curiosas formações da Capadócia é caminhar pelos inúmeros vales da região. Algumas trilhas próximas a Goreme podem ser percorridas por conta própria, enquanto outras necessitam de guia. A pousada oferece informações, assim como fornece passeios organizados.

Também é possível sobrevoar a Capadócia de balão. Diferente dos outros lugares onde voei, o balão na Capadócia faz um vôo rasante, quase tocando as chaminés. De vez em quando escuto a cesta roçando as árvores. No final o comandante faz uma manobra de subida e oferece uma magnífica visão panorâmica. Como há bastante concorrência entre as operadoras, o preço por um passeio de 1 hora é de US$ 190.

Voltei para Istambul e nos últimos dias na Turquia tive a companhia da Mônica Berti, que foi minha colega de trabalho na Visanet em muitos projetos. Com ela está a Carmen Dantas. Em Istambul fizemos um passeio de barco pelo canal de Bósforo até o Mar Negro. Uma das coisas curiosas é que o assédio dos garçons, quase inexistente enquanto eu andava sozinho, tornou-se inevitável com a presença das duas.

Posso afirmar que a Turquia foi um dos melhores destinos da minha viagem até agora. Se eu tivesse mais uma semana poderia conhecer as praias no mar Egeu ou visitar as ruínas gregas de Ephesus, melhor conservadas do que as que existem na própria Grécia. Pela proximidade da Europa, e por ser alta temporada, os custos diários se aproximam de US$ 100 (incluindo passeios, hospedagem e alimentação). As fotos da Turquia estão em

segunda-feira, 23 de julho de 2007

As dunas da Namíbia!

(Istambul, 23/07/2007 – 23h30) O principal motivo para incluir a Namíbia no meu roteiro foram as dunas. Gigantes, avermelhadas, sinuosas. Com até 220 metros de altura elas são um desafio para quem deseja escalá-las. Os pés afundam na areia, o ritmo da subida é lento. Como numa estrada sinuosa na qual você espera que a próxima curva seja a última, por diversas vezes achei que estava perto do topo. Mais alguns passos e... A subida continua...

O parque nacional que abriga as dunas, no deserto da Namíbia, fica a cerca de 5 horas de Windhoek, a capital do país. Contratamos um roteiro com 2 noites em acampamento, que incluiu transporte, barracas, guias e refeições por cerca de US$ 300. Como há poucas e caras hospedagens nas proximidades do parque, o acampamento foi a única opção viável.

A paisagem é maravilhosa! Os melhores passeios são ao amanhecer e ao anoitecer. Eu gostaria muito de ter feito o passeio de balão, mas o preço era proibitivo. Integramos um grupo super agradável com um casal de japoneses, um holandês e dois irmãos americanos. Curiosamente todos moram e trabalham em paises africanos, exceto um dos japoneses.

Ao contrário do que havia feito em toda a viagem, na Namíbia eu cometi um erro de planejamento que custou 3 dias de pouca atividade em Windhoek. A falha foi deixar a definição do roteiro para a última hora, na alta temporada, num país de poucos operadores turísticos e com hospedagem escassa. Um roteiro customizado para as nossas necessidades de datas, destinos e hospedagem custaria cerca de US$ 1.000, inviável para o meu orçamento.

Por outro lado permanecer em Windhoek permitiu duas experiências inéditas nesta viagem: passear em uma cidade africana e fazer um safári a pé. Windhoek é uma cidade com 250 mil habitantes de maioria negra. A arquitetura foi influenciada pelos alemães durante a época de colonização. A cidade é limpa, com avenidas largas. O movimento é grande durante o dia. Porém, depois das 18h, quando anoitece, poucas pessoas são vistas na rua.

Fizemos o safári a pé no Daan Viljoen Park. Por não haver predadores no parque, não é necessário andar de carro ou com guias. A trilha segue o curso seco de um rio. Como é bom caminhar à vontade! De repente um susto. Um grupo de gnus atravessa o rio a poucos metros de distância. Por alguns minutos não saímos do lugar. Os gnus atravessam novamente a trilha. Com cautela seguimos o nosso caminho. Encontramos também zebras, kudus, babuínos, javalis, veados e muitos pássaros.

Para quem gosta de estatística: hoje completo 132 dias de viagem, que correspondem a 70% do roteiro planejado. Passei por 44 cidades em 18 paises. Se considerar as viagens em avião, trem e ônibus eu rodei até agora 80,3 mil km, que correspondem a 2 vezes a circunferência da Terra na linha do Equador. Atrasei ou adiantei o relógio 34,5 horas. Selecionei 2.795 fotos entre mais de 10 mil cliques. O maior número de acessos ao blog em um único dia foi 350. O menor foi 13. A média diária é de 60 visitas. São Paulo e Lisboa são as cidades com acessos mais freqüentes. Tampa nos EUA aparece em quinto lugar. Já dormi em 67 camas diferentes. Até agora foram 4 pneus furados, sendo 3 deles na África. Ah, também houve um táxi quebrado em Windhoek...

A etapa na África durou 28 dias (inclui Egito e o sul da África), em 6 paises. Algumas conclusões desta etapa:
1. O custo para hospedagem foi maior do que na Ásia, com média diária individual de US$ 40. Nas proximidades do Kruger as diárias foram superiores a US$ 60. Acampar por conta própria pode ser uma boa alternativa, embora seja necessário reservar com muita antecedência na alta temporada;
2. O café da manha é bem servido nas pousadas, o que permite economizar uma refeição. O custo médio de um jantar bem servido foi de US$ 10;
3. Exceto no Egito, as entradas são relativamente caras, como US$ 10 em Victoria Falls e US$ 16 no Kruger. Os custos de transporte na Zâmbia, no Zimbábue e em Botswana são elevados (de US$ 35 a US$ 55 para percursos de 1 hora e que atravessam a fronteira). Contratar um tour organizado é muito caro (exemplos; US$ 400 pelo vôo de balão na Namíbia, US$ 100 para visitar Johannesburg à noite). O aluguel de carro na África do Sul é uma opção relativamente econômica para o safári (US$ 300 por 8 dias);
4. As passagens aéreas regionais são caras (cerca de US$ 400 para trechos de ida e volta entre os paises do sul da África);
5. O visto de entrada para os paises que visitei são obtidos no próprio aeroporto;
6. Os africanos do sul são alegres e gostam de conversar. Os egípcios, são simpáticos, mas sempre com a intenção de vender alguma coisa;
7. É fácil viajar por conta própria. O inglês é ensinado para todos nos paises que visitei no sul da África. No Egito encontrei alguns taxistas que não falam inglês. Nestas horas é fundamental ter o endereço de destino anotado no idioma deles;
8. Tão rica em cultura, o sul da África me decepcionou por não oferecer nenhum espetáculo de musica ou dança nos lugares que visitei;
9. O maior problema para quem visita o sul da África é a falta de segurança. Exceto nos parques (Kruger, Chobi e Namib), onde a hospedagem é longe das cidades, em todos os outros lugares a orientação que recebi foi a de evitar andar pelas ruas à noite. Nesta época do ano anoitece cedo, antes das 18h, e depois disso as ruas ficam desertas e as lojas fecham. Tive um tênis roubado na pousada em Sabie, e que foi prontamente reembolsado pelo proprietário. No Egito a historia foi diferente, e eu andei tranquilamente à noite em ruas movimentadas;
10. Eu voltaria à África para conhecer Marrocos, Moçambique, Madagascar e Cape Town, na África do Sul. E também faria outro safári com o maior prazer.

Veja as fotos na África em

domingo, 15 de julho de 2007

Uma maratona na África!

(Windhoek, 15/07/2007 – 18h30) É difícil explicar por que fizemos esta pequena maratona pela África. Em apenas 4 dias deixamos a África do Sul, passamos pelo Zimbábue, pela Zâmbia, por Botswana, novamente pelo Zimbabue e retornamos para a África do Sul. Esta parte da viagem havia me deixado apreensivo por causa das histórias que ouvi sobre a falta de segurança no Zimbábue.

O fato é que o nosso vôo desceria em Victoria Falls no Zimbábue. Por precaução decidimos permanecer o menor tempo possível neste país e dormir em Livinstone, na Zâmbia, a cerca de 40 km de distância. O translado começou em um Toyota antigo que rodou uns 10 minutos até que um pneu estourou. Sem estepe e sem macaco não havia muito a ser feito pelo motorista. Ao redor tudo era deserto.

De repente, como numa história surrealista, uma Mercedes novinha aparece e oferece carona. O Zimbábue não parecia ser tão ruim assim. Porém, ao ver a nossa bagagem ele pede desculpas e desiste da carona. Felizmente havia sinal de celular e o nosso motorista consegue chamar outro veiculo. Mais tarde descobrimos que a Mercedes era conduzida pelo dono da companhia do translado, e que poderia ter sido mais prestativo conosco. Na fronteira trocamos novamente de carro e seguimos em direção à pousada.

O principal motivo para visitar esta região é a Victoria Falls, um conjunto de cachoeiras do rio Zambezi que se estende por 1,7 km. As quedas são muito bonitas, embora a nuvem formada pela água impedisse uma visão panorâmica. Numa rápida comparação, considero as Cataratas do Iguaçu no Brasil mais impressionantes. O volume de água é elevado nesta época, e caminhar pelas passarelas significa ficar completamente molhado. Não há necessidade de se contratar um guia para visitá-las.

A recomendação que recebi na pousada era para evitar caminhar pelas ruas à noite (depois das 18h00). De táxi, um percurso de menos de 1 km custaria R$ 10,00. Descobrimos que os passeios são muito caros, todos cotados em dólar. Decidimos fazer somente um passeio de barco até a ilha Livinstone, no meio das quedas. Na ilha a diversão é caminhar pelas pedras escorregadias que ficam na beira do abismo. Um guia nos acompanha para indicar o melhor caminho. Na Zâmbia tivemos um contato maior com as pessoas, como estas meninas da foto que nos acompanharam na estrada. Eles falam no mínimo 2 línguas. A da província onde nascem e o inglês, que é a língua oficial.

Para preencher o tempo livre contratamos um tour para o Chobi Park em Botswana. Diferente do Kruger, o Chobi é um parque com áreas alagadas que atraem muitos animais. A vegetação baixa facilita a observação. No primeiro passeio usamos um barco que permitiu grande aproximação dos bichos, como este jacaré da foto. Vimos muitos pássaros, hipopótamos, elefantes e búfalos.

À tarde o passeio foi de jipe. Logo no inicio encontramos este leopardo. No caminho dele havia alguns veados e passamos um bom tempo à espera do ataque. Era a oportunidade de uma grande foto. Infelizmente para a foto e felizmente para o veado o ataque não aconteceu. Pelo menos naquele momento...

Foi surpreendente encontrar os animais com tanta facilidade. Em seguida vimos dezenas de girafas e um grande grupo de elefantes. Experiente, o guia deixou o carro no meio do caminho deles. Um dos maiores elefantes se aproximou e começou a abanar as orelhas. A recomendação era para ninguém se mexer. Ele nos observa e continua o seu caminho sem nos ameaçar. Foi um show!

A hospedagem foi em uma confortável cabana no Elephant Valley Lodge. O lodge fica no meio de uma reserva e é rodeado por uma cerca eletrificada. Uma fonte de água fica estrategicamente localizada perto do restaurante, de onde avistamos elefantes, veados, macacos, javalis e vários pássaros durante o jantar. O preço deste pacote é salgado (US$ 300), mas posso afirmar que valeu cada centavo!

Concluída a maratona de paises, voltamos para o aeroporto em Victoria Falls onde uma surpresa me espera. Escuto 2 garotas que conversam em português ao meu lado e pergunto se são brasileiras. Uma delas é a Evelise, minha amiga no Brasil e que havia me passado um monte de dicas sobre o Deserto do Atacama. E que, por coincidência, foi onde começou a história desta viagem (quem leu as primeiras postagens deste blog sabe do que eu estou falando). Que mundo pequeno!