
O primeiro destino foi o Kruger Park. Este é considerado um dos melhores lugares para se fazer safári na África, pela diversidade de animais e facilidade de acesso. Com o carro é possível percorrer as inúmeras estradas atravessam o parque. Algumas regras devem ser observadas. A principal é que, exceto nas áreas cercadas onde ficam os alojamentos e os restaurantes, não é permitido descer do carro. Eles só não explicam o que fazer caso um pneu tenha que ser trocado...

O parque é gigantesco e em quatro dias foi possível conhecer somente a parte sul, que deve corresponder a 20% da área total. A nossa rotina era acordar 5h30 e rodar o dia inteiro pelo parque a procura dos animais. O inverno é considerado a época ideal para o safári. A falta de chuvas torna a vegetação menos densa e os animais tendem a se concentrar ao redor dos poucos rios que não secam. Mesmo com estes fatores a favor, o sucesso de um safári depende de muita atenção, paciência e sorte. Em poucos minutos você pode encontrar um elefante e em seguida um leopardo, ou então rodar por mais de duas horas sem encontrar nenhum animal interessante.

O primeiro dia foi de chuva. Acho que alguns bichos não gostam muito de ficar molhados pois nem vimos animais comuns como zebras e girafas. Mesmo assim foi bem divertido e o dia passou rapidamente. O segundo dia foi com tempo nublado e temperatura amena. Foi o melhor dia, e com pouco esforço foi possível encontrar os principais animais do parque. A savana que fica no sudeste do parque se mostrou a melhor região. O terceiro dia foi de céu azul e muito calor. Repetimos parte do caminho do dia anterior mas não tivemos a mesma sorte. Provavelmente o calor faz com que os animais diminuam a sua atividade. Mas certamente a nossa atenção não foi a mesma dos primeiros safáris. Fizemos um safári curto no quarto dia, com altas temperaturas e poucos animais.

Uma das historias curiosas aconteceu com este elefante da foto. Logo no inicio do segundo dia a Pricila o viu ao lado da estrada. Parei o carro e ficamos observando de longe. Ele não se movia. A Pricila sugeriu que eu desligasse o carro para não fazer barulho. Deixei o carro descer desligado até que ficamos a cerca de 10 metros dele. De repente ele balança as orelhas numa expressão pouco amistosa, e caminha em nossa direção. A Pricila se agita no carro e eu perco alguns segundos para ligar o carro e engatar a primeira. Afastamos-nos e um outro carro aparece na estrada. O elefante não para de agitar as orelhas, arrasta o pé como um touro enfurecido e decide andar em direção ao outro veículo. Assustado o motorista foge de ré. Momentos depois o elefante entra na mata e desaparece.

Decidimos fazer um safári noturno no terceiro dia. Para isto é necessário contratar o passeio, que é realizado em um jipe adaptado com grades e conduzido por um guia local. O passeio sairia às 17h00 do Malelane Gate, que fica a 150 metros do nosso hotel. Calculei o tempo necessário para voltar ao gate e com certa margem iniciamos o caminho de volta. Porém no caminho vimos uma aglomeração de carros e paramos para observar 2 leopardos numa árvore. Perdemos muito tempo e tive que acelerar para não perder o safári noturno. Com pressa, passamos indiferentes por elefantes e rinocerontes.

Não sei direito como aconteceu, mas sei que errei o caminho por mais de 100 km... Fiquei chateado, pois era a nossa última oportunidade para fazer o noturno. E sair do parque depois das 17h30 significava pagar uma multa, inevitável naquele momento. Porém o lado prático da Pricila entrou em ação, e ela sugeriu que tentássemos fazer o safári a partir do Numbi Gate. Chegamos em cima da hora e conseguimos os 2 últimos lugares. O resultado foi incrível! Iluminando a mata com holofotes encontramos vários leopardos e leões. Estes animais são mais ativos à noite e não têm medo da aproximação do jipe. Foi emocionante fotografar estes felinos desta forma!

Em minha opinião a zebra é um dos animais mais bonitos que encontrei. Vimos também hipopótamos, macacos, gnus, búfalos, veados, javalis, jacarés e morcegos, entre outros. Partimos em direção ao Blyde River Cânion. No entanto, a poucos quilômetros do Kruger Gate, nossa porta de saída, nós encontramos outro elefante com o já famoso abanar de orelhas. Ele também usava a tromba para aspirar terra e assoprá-la sobre o corpo. Recuamos e esperamos que ele entrasse na mata. Nada feito, ele continuou em nossa direção. Resignados, fizemos meia volta e saímos por outro caminho...

Acho que 4 dias de safári são suficientes para uma boa diversão. Hospedar-se dentro do parque facilita o deslocamento, embora no verão seja difícil encontrar vaga nos alojamentos. Um hotel como o nosso, nas proximidades de um portão de entrada, tem como único inconveniente o pagamento da entrada diária de US$ 16. Alugar um carro é mais barato e flexível, embora contratar um safári tenha como vantagem a presença de um guia que conhece os hábitos dos animais. Nada impede que você siga os jipes com o seu carro. A Pricila e seu olhar atento foram fundamentais. Seria muito difícil fazer o safári sozinho num carro. Espero ter a oportunidade de fazer outros safáris no futuro!

O Blyde River Cânion tem formações rochosas que lembram a Chapada Diamantina no Brasil. Fizemos a nossa base em Sabie, uma pequena cidade convenientemente situada a uma hora do Kruger. Nesta cidade é possível observar o contraste entre os brancos, que possuem pousadas e restaurantes, e os negros, que atendem os clientes e fazem os trabalhos braçais. Não se percebe a presença de morenos como temos no Brasil. No estacionamento do supermercado há flanelinhas que tomam conta dos carros. Os brancos andam de carro, e os negros, na sua maioria, andam a pé. O movimento após o anoitecer é mínimo, e os restaurantes fecham às 21h. De uma forma geral eu comi muito bem na África do Sul. Depois de meses comi um bife, que é barato e tem um sabor diferente do brasileiro. Os vinhos e a cerveja Castle são muito bons.

É possível conhecer o cânion de carro num único dia. Mas certamente seria mais agradável fazer as trilhas a pé desde que houvesse tempo disponível. Há belas cachoeiras nos arredores da Sabie, e visitamos umas 5 ou 6. Conhecemos alguns sul-africanos que estão curtindo as férias escolares. Encontramos poucos estrangeiros. Hoje retornamos para Johannesburg, um trajeto de 5,5 horas.

Amanhã é dia de viagem. Tomamos o vôo até Victoria Falls, no Zimbábue, e em seguida atravessamos a fronteira da Zâmbia para nos hospedar em Livinstone.