(Siem Reap, 29/05/2007 – 16h40) Quando decidi incluir o Camboja no roteiro eu não tinha muita informação do que encontraria. Havia ouvido falar das ruínas de Angkor, sabia as pessoas são muito pobres, que esteve numa guerra civil até pouco tempo atrás e que havia minas espalhadas pelos campos. Esperava encontrar cidades arruinadas e muitos mosquitos. Por outro lado o Lonely Planet fala do Camboja com muitos elogios.
Resolvi concentrar os meus 4,5 dias em Siem Reap, onde fica Angkor, e deixei de fora Phnom Phen, a capital. Com isso tive direito a dormir na mesma cama por quatro noites seguidas, coisa rara nesta viagem. O fato é que Angkor já virou xodó de todo viajante europeu, não somente do mochileiro mas também do viajante que procura conforto. Em Siem Reap há diversos hotéis para os mais variados gostos, todos muito novos, e mais uma série em construção. O problema é que com mais turistas as ruínas ficarão superlotadas...
Angkor foi capital do antigo império Khmer. Sua construção ocorreu entre os séculos IX e XIII e o que se vê hoje são ruínas muito bem conservadas, fruto de um trabalho minucioso executado por diversas organizações internacionais. A maior parte das construções é de templos hindus, que foi a religião dominante na época. Hoje a maioria da população é budista.
Há dezenas de ruínas que podem ser visitadas. Eu conheci as principais, que ficam entre 8 e 40 quilômetros de Siem Reap. A minha maior dúvida foi qual o melhor meio de transporte. Caminhar seria o meu predileto, mas inviável neste calor escaldante. Bicicleta era uma alternativa, mas logo percebi que a maioria dos turistas preferia o tuk-tuk (para quem não se lembra, trata-se de um misto de moto com charrete). Para encontrar um tuk-tuk basta pisar na calçada e pelo menos 10 deles estarão a seu dispor...
O mais famoso templo é o Angkor Wat, uma gigantesca construção simétrica rodeada por um belo lago. Uma passarela de pedra atravessa o lago até a entrada principal. As paredes foram esculpidas com temas hindus e são impressionantes. No centro de Angkor Wat há um templo no formato de uma montanha íngreme e com uma escadaria que oferece uma pequena aventura na descida, principalmente quando está molhada... Encontro com 2 turistas brasileiros. Aliás, aqui foi o primeiro local no qual encontrei brasileiros desde o Egito.
Visitei as ruínas de Angkor nos 4 dias. A mais exótica é a de Ta Prohm, com árvores gigantescas que tomaram conta do antigo templo (veja um exemplo na foto ao lado). Parece o cenário de algum filme de floresta mal-assombrada. As raízes das árvores estão de tal forma entrelaçadas com as paredes que torna inviável a sua remoção sem prejuízo da construção. Também gostei muito de Banteay Srey e de Preah Khan. Confira no asd fotos dos templos que visitei em http://www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600264945665/
A noite há vários restaurantes que oferecem shows gratuitos de dança Apsara, tradicional da região. Você pode imaginar que o preço da refeição fosse exorbitante, mas com R$ 5 ou R$ 6 eu comia bem todos os dias. Ao contrário da Tailândia a comida no Camboja não é muito temperada. Os melhores pratos, em minha opinião, são feitos com leite de coco. E eles usam algum tempero que me lembra erva-doce. Ontem choveu muito e a cidade ficou alagada. Esta época é o inicio das monções. Chove torrencialmente todas as tardes por até 3 horas. Se você estiver nas ruínas procure uma das inúmeras barracas de comida para deitar numa rede e esperar a chuva passar.
Nestes dias tive a oportunidade de conhecer alguns cambojanos. E fiquei com uma ótima impressão! O motorista do meu tuk-tuk praticamente não falava nada em inglês (embora fosse bem esperto na hora de negociar o preço). Mas era atencioso, muito educado e vivia sorrindo. As nossas conversas eram monossilábicas, mas bastava um sorriso e um sinal no mapa para que nos entendêssemos perfeitamente.
Nas ruínas encontrei famílias que, sem falar nada, me entregavam um folheto pedindo alguma ajuda. Diferente do que temos no Brasil ou do que vi em outros lugares por onde passei, eles não insistiam quando não recebiam dinheiro. Ficavam felizes se ganhavam alguma coisa, nada mais do que R$ 0,25. Eles agradeciam ao serem fotografados. O olhar deles me passava certa ingenuidade. É claro que há exceções, principalmente no centro de Siem Reap e na entrada dos templos. Mas nada que me impeça de afirmar que os cambojanos foram os meus melhores amigos até agora!