segunda-feira, 25 de junho de 2007

Congelando na Nova Zelândia!

(Queenstown, 25/06/2007 – 17h00) Eu sempre preferi o verão ao inverno. No calor as pessoas são mais alegres, os dias mais longos, as atividades ao ar livre mais prazerosas e as roupas mais leves. No entanto, o calor pode ser bastante desconfortável se você passa o dia inteiro na rua e carrega uma mochila com 5 kg nas costas. Nos últimos 2 meses da viagem, a temperatura ultrapassou os 30°C todos os dias, e na Índia passava dos 40°C. Nem sempre foi possível tomar um banho ao longo do dia para me refrescar.

O frio na Nova Zelândia se apresentava como uma mudança agradável. Antes de deixar Bali consultei a previsão do tempo para os meus primeiros dias na Oceania. Em Auckland, na ilha do norte e principal cidade do país, a expectativa era de temperaturas entre 5° e 12°C. Nada muito diferente do que temos em São Paulo durante o inverno. Mas em Queenstown, na ilha do sul e meu principal destino, a previsão era de temperatura média de zero grau, com neve em alguns dias. Com certeza as minhas roupas não seriam suficientes para isto.

Segundo as palavras da Patrícia, que mora a alguns anos na Suécia, não há clima ruim e sim roupas inadequadas. Com isto em mente comprei calca e camisas para usar como primeira pele, e uma jaqueta a prova de chuva e vento. Usados em conjunto com as luvas, o gorro, as meias térmicas e a blusa que eu trouxe do Brasil posso dizer que não passei frio em nenhum momento, mesmo ao ar livre. A minha maior preocupação eram os meus tênis, que não são a prova de água. Tive que evitar pisar na neve, o que nem sempre foi possível... Ok, neste ponto eu admito que o titulo desta postagem é exagerado.

Em Auckland eu fiquei somente 1 dia. Como era domingo, a cidade estava meio deserta pela manhã. O AJ ficava no meio do bairro chinês, e as primeiras pessoas que vi na rua foram asiáticas. Eu compararia Auckland com alguma cidade do interior da Inglaterra, com tudo bem arrumado e sinalizado. Saio do bairro chinês em direção ao museu da cidade, que é especializado na cultura maori, dos antigos habitantes da ilha. Agora sim, todas as pessoas que encontro têm aparência européia.

À tarde volto para o centro, que nesta hora está bem movimentado. Caminho na direção da Skycity, a construção mais alta do hemisfério sul. A visão de 360° a partir do terraço panorâmico é magnífica! Quem me conhece sabe que eu adoro fotografar as coisas de um ângulo alto. Durante 3 horas caminho de um lado para outro no terraço e espero o por do sol. Converso com um casal de brasileiros em lua-de-mel, os primeiros entre vários que encontrei por aqui.

No dia seguinte tomo o avião para Queenstown. Trata-se de uma cidade pequena e bela, cercada por montanhas cobertas por neve e banhada por um lago glacial. Certamente vocês já devem ter escutado sobre os esportes de aventura na Nova Zelândia. Pois bem, em Queenstown é possível encontrar de tudo: você pode pular de uma ponte amarrado por uma corda elástica, pousar no alto de uma montanha em um helicóptero para esquiá-la, enlouquecer em um barco veloz que enfrenta as corredeiras e as rochas de um rio, ser atirado por um canhão caso o salto da ponte não gere adrenalina suficiente...

O único problema são os preços. De uma forma geral, a Nova Zelândia tem preços comparáveis aos da Europa, o que torna a viagem cara em relação à Ásia. Qualquer destes esportes de aventura custa no mínimo US$ 100, com uma duração que vai de alguns segundos até 1 hora. Eu fiquei bastante tentado a experimentar o tiro de canhão, mas resolvi manter a minha sanidade e subi de teleférico até o alto da montanha. Com cerca de 2.000 brasileiros que vivem em Queenstown, a maioria trabalhando em hotéis e restaurantes, é muito fácil se comunicar em português.

O meu roteiro na ilha do sul incluía percorrer diversas estradas cênicas, num percurso de 1.200 km. Para isto eu aluguei um carro, o que me trouxe uma série de vantagens mas também algumas dores de cabeça. As vantagens foram: o custo, menor do que outras formas de transporte; o imenso prazer que eu tenho ao dirigir em estrada; e a liberdade de escolha que o carro proporciona. As dores de cabeça vieram principalmente da previsão do tempo, que indicava neve para os próximos dias...

Escolhi a cidade de Te Anau como base para o meu percurso. O primeiro passeio seria dirigir 120 km até Milford Sound. A previsão era de tempo bom, embora o site da estrada informasse que era obrigatório carregar correntes caso nevasse. Correntes??? Não me lembro desta aula na auto-escola... Preocupado, perguntei para várias pessoas sobre a estrada. No quiosque de informações turísticas ganhei um folheto com dicas em caso de avalanche. Não haveria nenhum posto de gasolina ou qualquer ponto de apoio no meio do percurso. Na foto você pode observar como estava a estrada.

A neve é normal para eles, e de uma forma geral todos demonstravam tranqüilidade. Menos eu... O boletim atualizado sobre a estrada foi às 7h30 da manhã. Tempo bom, gelo na estrada e sem risco de avalanche... Fiz uma aula prática no posto de gasolina para colocar a corrente nos pneus. Dirigi com muito cuidado. A paisagem era fantástica! Há vários pontos ao longo da estrada para estacionar o carro com tranqüilidade e fotografar. O trecho com gelo era de uns 5 km, no alto da serra, e basta dirigir devagar que o risco é mínimo. Aliviado, cheguei ao meu destino depois de 2,5 horas.

Em Milford Sound eu peguei um barco que atravessa toda a extensão do fiorde em 1,5 horas. Vejo formações rochosas que foram esculpidas por geleiras ao longo dos anos e que posteriormente foram invadidas pela água do mar. É uma das paisagens mais bonitas que eu já vi na minha vida! Montanhas escarpadas e cobertas por neve. O céu azul complementa o cenário perfeito. Acho que nenhuma foto é capaz de representar a grandeza do que vejo.

No dia seguinte dirijo até Manapouri para explorar o Doubtful Sound. A estrada é boa e chego em 20 minutos. Neste dia o passeio de barco é longo, dura 5 horas. Infelizmente o céu está nublado e não há tanto contraste com os picos nevados. Alguns golfinhos surfam nas ondas provocadas pelo barco e dão saltos acrobáticos. No fiorde há dezenas de cachoeiras que são formadas pelo degelo nas montanhas.

No dia seguinte eu faria uma longa viagem até o extremo sul da ilha para dormir em Invercargill. A previsão indica neve durante a noite e nos dois dias seguintes. Acordo e vejo o meu carro coberto pela neve. Saio para tomar café e aproveito para ler os jornais. A manchete era sobre a tempestade de neve que cobriu grande parte da ilha do sul. Diversas estradas estavam bloqueadas, inclusive as duas que eu havia percorrido nos dias anteriores. Imaginei que a neve se concentrasse nas montanhas, mas a região litorânea também foi atingida. Fotos de carros tombados me deixaram mais preocupado. Decidi ficar mais uma noite em Te Anau. Acompanhei a previsão do tempo, sempre precisa, e não notei nenhuma mudança.

O dia seguinte amanheceu da mesma forma, com neve por todos os lados. A minha intenção de fazer um longo roteiro de carro estava comprometida. Decidi que o melhor era voltar para Queenstown, onde pelo menos estaria perto do aeroporto. O site de informações sobre as estradas estava congestionado e fora do ar. No quiosque de informações turísticas perguntei sobre o retorno para Queenstown. A estrada estava aberta e era obrigatório o uso das correntes. Enchi o tanque, caso precisasse me manter aquecido pelo ar condicionado no caso de emergência (isto pode parecer ridículo agora, mas naquele momento eu pensava em todas as contingências possíveis).

Os primeiros quilômetros a partir de Te Anau foram tranqüilos, semelhantes ao que já havia passado no caminho para Milford Sound. Confiante, dirigia em quarta marcha a 60 km/h. A orientação que recebi era evitar o uso do freio, regulando a velocidade pelo uso do câmbio. De vez em quando cruzava com um veículo no sentido contrário. No meu caminho eu enxergava algumas montanhas totalmente cobertas pela neve. Ao me aproximar delas, a estrada ficava cada vez com mais gelo na superfície, e passei a dirigir em terceira marcha. Na subida senti que o carro perdia aderência, e troquei pela segunda. Assustado, quase no final da subida tive que passar para a primeira. Achei que seria impossível continuar naquelas condições.

Numa destas coisas que são difíceis de explicar, encontrei um carro estacionado bem na minha frente. Abaixei o vidro e perguntei o que ele achava. Ele me disse que também estava assustado e que estaria colocando as correntes. Porém um policial havia passado e dito que o pior trecho era aquela subida, e que não havia a necessidade de se colocar as correntes pois um trator estava limpando a estrada. Aliviado, alcancei e segui o trator por alguns quilômetros.

O restante da viagem foi relativamente tranqüilo, com trechos em neve ou gelo, mas nenhum tão assustador quanto aquela subida. A ultima dor de cabeça com o carro foi um pneu furado na entrada de Queenstown. Tive que trocá-lo na neve. Léo, eu sei que você vai reclamar que eu não tirei nenhuma foto desta estrada. Então eu te desafio a fotografar numa situação como esta...

Nos meus últimos dias na Nova Zelândia eu fiz passeios curtos, como a estação de esqui em Coronet Peak e a antiga cidade mineira de Arrowtown. O tempo melhorou, as estradas estão sendo liberadas gradativamente, e o aeroporto voltou a funcionar normalmente desde ontem.

A Nova Zelândia é um destino no qual a natureza é o grande atrativo. Se por um lado o clima severo provoca situações imprevisíveis, por outro lado ele produz cenários magníficos. Veja as fotos em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600379393377/. Algumas das paisagens mais bonitas da minha viagem eu encontrei por aqui. Uma parte está registrada em fotos, outra parte está na minha memória. Tenho que voltar outras vezes! Há muito a ser explorado.

sábado, 16 de junho de 2007

Uma cerimônia de cremação!

(Sydney, 16/06/2007 – 09h50) No meu terceiro dia em Ubud fui convidado a tomar o café da manhã com o I Nyoman Suradnya, artista e dono da pousada. Para não passar vergonha, antes do café olhei as obras do ateliê. O estilo dele é moderno, de pouca semelhança com o que eu havia visto nos museus. Por algum motivo o sapo é figura recorrente nas pinturas. Ao lado dos quadros encontro uma série de reportagens. Jornais americanos e franceses elogiam o estilo alternativo do artista. Vejo diplomas de uma universidade americana que agradecem as aulas ministradas. Ah, a foto ao lado não é do Nyoman.

Durante o café da manhã falo sobre a minha viagem. Pergunto sobre as reportagens e os diplomas. Ele me conta que viveu alguns anos na França, na Itália e nos Estados Unidos. Pergunto sobre os sapos. Ele não fala de uma forma direta, apenas insinua que arte não precisa de explicação. Alguns alunos aparecem para a aula de pintura, somente estrangeiros. Caso tenham curiosidade o endereço dele na internet é http://www.nirvanaku.com/.

Minha última pergunta é sobre a cerimônia de cremação. Ele me explica que para os hindus a cremação libera o espírito para a próxima jornada. A morte não significa o fim, mas a passagem para uma nova existência num ciclo que todos percorrem. A cremação é uma cerimônia alegre. Segundo o calendário de Bali, que é diferente do nosso ocidental, a cremação tem dias específicos para ser realizada. Ele insiste que eu assista a próxima, que aconteceria no dia seguinte. E, adivinhando a minha pergunta, não haveria nenhum problema em fotografá-la.

Eu não estava confortável com a idéia de fotografar a cerimônia, embora tivesse bastante curiosidade. Decidi acompanha-la, deixando a maquina na mochila. Ao me aproximar, uma senhora me avisa que tenho que usar um sarongue sobre a bermuda. Percebo que há outros turistas nas proximidades, e uma grande quantidade de locais. Eles se cumprimentam, brincam, jogam água uns nos outros. O clima é descontraído, tiro a máquina da mochila e faço as primeiras fotos. Os homens carregam a imagem de um boi e uma estrutura no formato de um templo.

Uma banda acompanha o percurso. A batida é forte, rápida. As estruturas são pesadas, e ora os homens param para descansar, ora se equilibram para mantê-las de pé. Uma pessoa vai na frente para erguer os fios elétricos, nem sempre com sucesso, e vários são arrancados dos postes. O grupo que segue na dianteira canta e sacode a figura do boi. Percorremos cerca de 2 km, observados pelas pessoas nas calçadas, até um grande templo (em Bali os templos hindus são denominados Pura).

No templo acontece a cerimônia de cremação propriamente dita. As estruturas e os pertences também são queimados. A família e os amigos fazem uma espécie de piquenique. Eu, assim como outros turistas, me sinto deslocado neste momento. A emoção por ter participado de algo tão importante é muito forte. É algo para não ser esquecido. É uma lição sobre como encarar as coisas da vida de uma forma diferente.

Aproveito o dia para resolver coisas burocráticas. A partir da Nova Zelândia, e durante o meu percurso na África e parte da Europa, eu estarei enfrentando a avalanche de turistas da alta temporada. Isso significa que não conseguirei descontos como os que consegui na Ásia, e que terei que me programar com uma antecedência maior para evitar contratempos. A noite, para descontrair, assisti uma apresentação de Legong, outra performance característica de Bali.

No dia seguinte fiz uma longa viagem até Gili Trawagan, uma pequena ilha que fica nas proximidades de Lombok (a maior parte das terras da Indonésia está situada em ilhas). São 1,5 horas de ônibus mais 5 horas de barco em mar aberto. A correnteza é forte, e fico ligeiramente mareado. Para evitar problemas, fico sentado o percurso inteiro na mesma cadeira sem me mexer... Algumas vezes fiquei encharcado pelas ondas que invadiam o convés.

O resultado valeu a pena: Gili Trawagan é de uma beleza impar, cercada por corais e sem nenhum automóvel. Os únicos veículos são charretes puxadas por burrinhos. As pousadas e os restaurantes são muito agradáveis. Há diversas opções de mergulho. Caminhei por 2 horas, que são suficientes para dar a volta na ilha. Há uma elevação que é perfeita para acompanhar o por do sol. Aproveitei também para ficar algumas horas na piscina...

O retorno para Bali é mais tranqüilo pois o barco segue a favor da corrente. Novamente em Ubud, assisto a performance Kecak Fire and Trance Dance, a mais primitiva e criativa de todas as que assisti. Planejo outro dia de bicicleta, mas o tempo chuvoso não ajudou. É hora de fazer as malas, separar a roupa de frio e seguir para o aeroporto. Uma longa viagem me espera até a Nova Zelândia (esta última frase eu escrevo em Aucklank, onde acabei de chegar depois de 25 horas de viagem desde Ubud). As fotos da Indonésia estão em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600371487472/

Ontem completei 50% da viagem. A etapa na Ásia durou 52 dias, em 7 paises. Algumas conclusões desta etapa:
1. O custo para hospedagem e alimentação é relativamente baixo para os brasileiros (para os portugueses também, agora que tenho novos amigos lusitanos acompanhando o blog). Uma média diária de US$ 30,00 é suficiente para conseguir um quarto com ar condicionado (importante no verão), bem localizado, limpo e para fazer 2 refeições completas. Um mochileiro despojado consegue fazer por menos da metade;
2. Os passeios são baratos, muitos são de graça (templos, praias, caminhadas). As exceções são o cruzeiro em Halong Bay no Vietnam (US$ 110) e o Angkor Park no Camboja (US$ 40);
3. As passagens aéreas regionais são relativamente baratas se compradas com alguma antecedência pela internet. Existem boas companhias aéreas de baixo custo operando com aviões novos;
4. O visto de entrada para os paises que visitei são obtidos no próprio aeroporto. As exceções são a Índia e o Vietnam;
5. Os asiáticos são muito atenciosos e sempre sorridentes. Pena que conhecem muito pouco sobre o Brasil, em geral somente o futebol;
6. Eles estão sempre dispostos a negociar. Não aceite o primeiro preço oferecido a menos que seja aceitável para o seu bolso;
7. É muito fácil viajar por conta própria, principalmente na baixa temporada. A grande maioria das pessoas fala inglês nas áreas turísticas;
8. Considero Bali na Indonésia o destino mais completo. Há atrações para todas as pessoas, seja para aventureiros, para quem busca conforto ou para um casal em lua de mel. Praias magníficas, atividades culturais de alta qualidade, trekking em vulcões, mergulho, vida noturna, etc. As distâncias são relativamente pequenas, e o aluguel diário de uma bicicleta é de US$ 3.

sábado, 9 de junho de 2007

Um banho de cultura em Bali!

(Ubud, 09/06/2007 – 12h00) A primeira coisa que eu fiz em Bali foi conhecer a praia de Kuta. Praia larga, comprida, ondas boas para o surf. Quem me conhece sabe que eu adoro praia, mas não gosto muito de entrar na água. Observo o movimento durante horas. Surfistas iniciantes que fazem aula. Crianças que empinam pipa. Garotos que jogam futebol. Pessoas que correm enquanto outras simplesmente recebem massagem.

Um rapaz se aproxima e pergunta de onde eu sou. Pensei – o que será que ele quer vender? Respondo e volto a fotografar. Ele conta que trabalha em um restaurante. Pergunta o que eu faço, se eu sou jornalista, como é o clima no Brasil, se as pessoas têm tantos pêlos como eu... Achei estranho, mas havia lido no guia que eles têm o costume de fazer essas perguntas por simples curiosidade. Resolvi deixar a conversa prosseguir. Qual é a minha idade, se eu sou casado (respondo que sim e que tenho 2 filhos), diz que tenho olhos bonitos... Para com isso! Digo que preciso fotografar e me afasto.

No dia seguinte deixo Kuta e sigo para Ubud, distante 33 km e que fica no interior da ilha de Bali. Na estrada é possível observar a mudança da paisagem: plantações de arroz por todos os lados e vários ateliês. Há anos Ubud é considerada a capital cultural de Bali. A pousada na qual estou hospedado fica nos fundos de um ateliê. As portas, os quadros, as janelas, os móveis, toda a decoração é de bom gosto. Há muitas árvores e o tempo todo eu escuto o canto dos pássaros. E olha que estou há apenas uns 500 metros do centro da vila...

Visitei 2 museus, o Puri Lukisan e o Agung Rai. Ambos têm coisas em comum. Ficam numa distância confortável para uma boa caminhada, estão situados no meio de belo jardim e possuem um impressionante acervo de pinturas balinenses clássicas. O primeiro tem a vantagem de permitir fotografias dentro das galerias. O segundo tem um acervo de obras contemporâneas, mas que não me agradam muito.

Nas ruas de Ubud encontro galerias particulares e inúmeras lojas. Acho que nunca vi uma concentração tão grande de obras de arte! Para complementar o astral da cidade, há restaurantes e cafés bem charmosos. Na rua principal fica o Ubud Palace, ainda habitado pela família real (mas que não tem o poder), onde é possível visitar os templos hindus e os jardins.

No mesmo Ubud Palace, à noite, há uma apresentação de Barong, uma das danças típicas de Bali. Os instrumentos utilizados pela banda são feitos de bambu. Fiquei impressionado com a expressão das dançarinas. Olhares, gestos, tudo bem significativo. Além de um ótimo figurino. Ontem assisti ao Jegog, outra performance típica de Bali. A programação normal de Ubud tem 6 ou mais opções todas as noites!

Aluguei uma bicicleta por 2 dias para percorrer as vilas ao redor de Ubud e segui os roteiros sugeridos pelo Lonely Planet. Passei no meio de plantações de arroz, vi um grupo de pessoas ensaiando a performance da noite, fui perseguido por um cachorro, fotografei macacos e encontrei vários templos hindus. O relevo ao redor de Ubud é irregular, e em alguns trechos tive que carregar a bike. Mas o final da trilha de hoje foi ótimo, uma descida de 4 km. Uhuuuuuuuuu!

terça-feira, 5 de junho de 2007

Descansando em Ko Samui!

(Bangkok, 05/06/2007 – 10h00) Essa foi a minha rotina nos últimos 3 dias: acordar tarde, tomar um bom café da manhã (um dos melhores da minha viagem), deitar na praia e observar as diferenças entre a maré alta e a baixa... Como os recifes protegem a praia, praticamente não há ondas e, na maré alta, é possível caminhar centenas de metros mar adentro sem molhar o joelho. Quando o mar recua, ele forma imensas piscinas naturais que refletem o céu, como esta da foto.

No final da tarde eu percorria a orla, que é repleta de pousadas, bares, restaurantes e casas de massagem tailandesa ao ar livre. As construções são baixas e na sua maioria ficam por detrás das árvores. Não havia muitos turistas, o que permitia um clima de muita tranqüilidade. Porém, esta tranqüilidade é momentânea, pois em julho a temporada começa e a cidade é invadida por jovens australianos, americanos e japoneses em busca de agitos e baladas.

Fiquei numa pousada de frente para o mar, numas das extremidades da praia (basta virar as costas e andar em direção à pousada ao lado). É fácil conseguir um preço razoável nesta época. Aproveitei o tempo para planejar o meu roteiro em Bali e na Nova Zelândia. Curti muito as férias das minhas férias! Espero repetir a dose...

Hoje é um dia em aeroportos. Estou em Bangkok, às 11h45 tomo o avião até Singapura, e sigo para Bali no final da tarde, onde chego à meia-noite. De volta ao hemisfério sul, amanhã começo a fotografar...

sábado, 2 de junho de 2007

Navegando no Vietnam!

(Bangkok, 01/06/2007 – 18h10) Meu único e exclusivo motivo para visitar o Vietnam era conhecer Halong Bay, um arquipélago com mais de 3.000 ilhas no litoral norte. A maior parte destas ilhas é de rochedos que emergem do mar, como o da foto ao lado. Ao contrario do que estamos acostumados a ver no Brasil, praticamente nenhuma ilha tem praia. Durante a minha viagem recebi varias recomendações para não deixar de conhecê-la. E valeu a pena!

A melhor forma de visitar Halong Bay é de barco. Fiz um mini-cruzeiro que incluiu uma noite a bordo, todas as refeições, a navegação pelos inúmeros canais e o translado desde Hanói (4 horas de estrada). O mar é muito calmo devido à proteção natural oferecida pelas ilhas. É um passeio caro, mas posso dizer que vale cada centavo. Comi lagosta, camarão, lula, peixes diversos e caranguejo. Tive a sorte de conhecer ótimos companheiros durante a viagem. Um casal de holandeses e 3 australianos, todos com muitas viagens na bagagem. Além da ótima companhia, ganhei várias dicas sobre a Austrália, Nova Zelândia, Indonésia e Turquia.

Durante a navegação encontramos inúmeras casas flutuantes como a da foto. As ilhas não têm solo adequado para a agricultura. Desta forma, centenas de pessoas vivem nestas pequenas casas e sobrevivem à base de pesca. Mais recentemente, com o crescimento do turismo, eles desenvolveram barcos que funcionam como pequenas mercearias. Neles você encontra bebidas, comidas e algumas utilidades.

O barco tem uma lancha na qual exploramos algumas atrações da baia. Uma delas é uma lagoa que fica escondida por trás de uma pequena abertura na rocha (veja a foto ao lado). A lagoa é cercada por montanhas escarpadas e não há como atingi-la por terra. Exploramos também uma bela caverna iluminada em outra ilha (há outras 90 e poucas cavernas na região).

Este barco da foto é idêntico ao que fiquei. Do convés observo de um lado o por do sol e do outro o nascer da lua quase cheia (eu a fotografei cheia em Hanói). Veja no lado esquerdo da foto o mirante no qual se consegue uma vista panorâmica da baia. No dia seguinte acordo cedo para o nascer do sol, mas o tempo nublado não permitiu a foto que eu gostaria.

Chego no final da tarde em Hanói, e tenho tempo suficiente para uma rápida caminhada de reconhecimento. O Vietnam foi colonizado pelos franceses, o que é percebido nas construções de 3 andares do centro histórico. Muitas lojas de decoração ficam lado a lado. Como leigo, associo as peças com a China. Tudo muito barato! Acho que com R$ 500 é possível decorar tranquilamente um pequeno apartamento.

Atravessar a rua parece missão impossível! Não há semáforos, e as ruas são povoadas por motos. Os carros são minoria, e não há tuk-tuks. Um pequeno veiculo empurrado por uma bicicleta é utilizado para trajetos curtos (há um destes na foto ao lado). A recomendação que recebi é de atravessar a rua numa velocidade lenta e continua. Nunca corra ou pare bruscamente. As motos simplesmente desviam de você. Testei e realmente funciona!

Reservei um tempo hoje pela manhã para fotografar as pessoas nas proximidades de um templo taoísta. Confesso que é difícil distinguir entre vietnamitas, cambojanos e chineses. São todos parecidos! Vi muitos jovens. O Vietnam, como um dos tigres asiáticos, cresce de forma consistente e oferece diversas oportunidades de trabalho. Embora seja um país socialista, vejo nas ruas um clima de puro capitalismo. Alguém consegue me explicar esta contradição?

O Vietnam está investindo no turismo. Numa única rua, na qual procurei um quarto para a ultima noite em Hanói, encontrei 5 pequenos hotéis, todos novíssimos, limpos e com preços honestos. Descobri que há opções de trekking tanto em Halong Bay quanto em Sapa, perto da divisa com a China. O litoral é extenso, e há diversas praias bem recomendadas. As minhas 72 horas no Vietnam me convenceram de que este país merecia muito mais, talvez uma ou duas semanas. Veja as fotos em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600291817321/

Cheguei há poucas horas em Ko Samui, uma ilha no sul da Tailândia. Agora estou num dilema. Acho que tirarei férias das minhas férias, deixarei a máquina fotográfica na mala, esquecerei o notebook e ficarei na praia sem fazer nada... A resposta virá em 3 ou 4 dias...