sexta-feira, 25 de maio de 2007

A paz da Tailândia!

(Sukhothai, 22/05/2007 – 21h20) Confesso que eu tive alguma dificuldade para elaborar o meu roteiro na Tailândia. Havia estudado o Lonely Planet quando estava em Delhi, e nenhuma das cidades me parecia muito interessante. Bangkok é descrita como cidade grande, o que não me atrai. As praias do sul são elogiadas, sendo que as mais isoladas seriam as melhores. Porém, viajar sozinho para uma praia deserta e fora de temporada não combina com a minha personalidade.

A minha escolha foi por Chiang Mai, uma cidade pequena no norte da Tailândia, que é citada como destino obrigatório de todo mochileiro. A descrição que o guia faz da cidade também não me empolgou, mas me pareceu a melhor porta de entrada. Na mesma região fica Sukhothai, antiga capital e um dos grandes monumentos históricos do país. Fui para lá na expectativa de encontrar mais uma desorganizada e barulhenta cidade asiática. Puro engano!

No domingo pela manhã caminhei do hotel até o centro. A primeira novidade é que você anda pela calçada! Acho que nas ultimas semanas andei somente pelo meio da rua, dividindo espaço com carros, rickshaws (aqui chamados de tuk-tuk), pessoas, bicicletas e alguns animais. A calçada era domínio do comércio. A segunda novidade é que não se ouve buzinas. E que diferença isso faz!

Contagiado pela tranqüilidade nas ruas comecei a explorar os templos budistas espalhados pela cidade. Espalhados é modo de dizer, pois em cada quarteirão havia pelo menos um. Não contei, mas devo ter conhecido pelo menos uma dezena deles. A arquitetura dos templos é bem diferente da que eu havia visto no Nepal, especialmente pelo formado do telhado, pelo ótimo estado de conservação e pelo uso constante da imagem do dragão. Eles utilizam pequenas placas coloridas, como num mosaico, para obter um visual muito bonito.

Nenhum templo cobra qualquer tipo de entrada, e mesmo os donativos são solicitados de uma forma muito discreta. A pergunta é inevitável: como eles conseguem dinheiro para uma manutenção tão impecável? A resposta vem rápida: se você precisa de uma massagem, vá ao templo. Quer ir ao mercado ou comer alguma coisa, visite as barraquinhas do templo. Quer estacionar o carro, aproveite a sombra ao lado do templo. Quer ir ao banheiro... Tudo muito limpo e silencioso.

Comecei a entender por que Chiang Mai é tão procurada pelos turistas. Ela tem alto-astral, tem charme. Na cidade você encontra inúmeras atividades como trekking, rafting em jangadas de bambu, aulas de culinária e de massagem tailandesas, chat com os monges, escola de elefantes com direito a passeio pela floresta e visita a tribos de nativos. Infelizmente há uma triste exploração do turismo sexual, e de vez em quando você encontra um gringo idoso de mãos dadas com uma jovem tailandesa.


O movimento no centro aumenta no final da tarde. Eu estou distraído com a máquina na mão, e escuto uma música que vem dos alto-falantes distribuídos na avenida. Continuo andando. De repente, percebo que somente eu estava me movendo! Todas as pessoas ao redor estavam estáticas e silenciosas, como numa brincadeira de criança ou em um filme de ficção cientifica. A música termina e as pessoas retomam as suas atividades como se nada houvesse acontecido. Pelo que eu entendi trata-se de uma reverencia ao rei.

No início da noite de domingo a avenida principal é tomada por barraquinhas que vendem de tudo. Turistas e locais se misturam no meio da rua que é fechada para o trânsito. Mais uma novidade: você consegue olhar as coisas sem ser assediado pelos vendedores. Com R$ 2 ou R$ 3 é possível comer muito bem. O único cuidado é com a pimenta. Eu que gosto de temperos picantes, e que havia passado por um treinamento intensivo na Índia, confesso que tive algumas dificuldades...

Na segunda-feira fui de tuk-tuk até a estação de ônibus para comprar a passagem para Sukhothai. O inglês deles não é tão claro quanto na Índia ou no Egito, e tive certa dificuldade para entender os horários do ônibus. Numa conversa que normalmente levaria 30 segundos, várias pessoas se juntaram para me ajudar. Eles misturavam thai com inglês e eu ficava cada vez mais confuso. Somente depois de uns cinco minutos consegui comprar o meu bilhete...

Uma das atividades mais tradicionais e famosas em Chiang Mai é o mercado noturno que acontece todos os dias da semana. Cheguei cedo e acompanhei todo o trabalho que eles têm para montar as barracas. Mas ao contrario do mercado de domingo, praticamente não havia nenhum visitante. Fico imaginando como deve ser duro montar e desmontar diariamente as barracas sem conseguir vender nada!

Para relaxar eu experimentei a famosa massagem tailandesa. Assim como tudo na Tailândia, os preços são baixíssimos se comparados ao Brasil. Uma hora de massagem custou R$ 12. A mocinha que me atendeu tinha 1,60 m e uma aparência bem frágil. Mas durante a sessão ela se transforma num trator! Ela me apertou, dobrou, empurrou, bateu, esticou e no final andou nas minhas costas. O objetivo de relaxar não foi alcançado, mas pelo menos não foi tão caro...

(Siem Reap, 25/05/2007 – 21h00) Fui para Sukhothai, uma cidade sem nenhum atrativo além das ruínas da antiga capital. O meu hotel era perto do rio, e havia uma quantidade absurda de mosquitos. Sorte que eu tenho um mata-mosquito elétrico. E por via das duvidas, passei repelente em todo o corpo. No entanto, o passeio pelas construções iniciadas no século 13 é muito agradável. Fiz de bicicleta, o que me deu bastante liberdade para percorrer os arredores. Depois de mais de uma semana de céu nublado, finalmente consegui um pouco de azul nas fotos.

No dia seguinte fui para Bangkok. Decidi incluir o Vietnam no roteiro e reduzi a minha permanência na Tailândia (na coluna da direita do blog você encontra o roteiro atualizado). Pesquisei o preço das passagens aéreas e achei uma bem razoável pela Air Ásia (esta é a minha companhia aérea preferida até agora), que cobra US$ 41 entre Bangkok e Hanói. Vou ao consulado do Vietnam para obter o visto. Aproveito para passear pelas ruas de Bangkok, uma cidade bem moderna. Em um mega shopping center eu vou ao cinema assistir a estréia de Piratas do Caribe 3. Antes da sessão ser iniciada, é exibido um vídeo sobre o rei. Todas as pessoas ficam de pé. Inclusive eu.

As fotos da Tailândia estão em
http://www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600239202617/
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Neste final de semana em São Luiz de Paraitinga (são 2 horas de carro desde São Paulo) acontece a festa do Divino. Se eu não estivesse tão longe certamente iria para lá. É uma deliciosa e tradicional festa na qual as pessoas se reúnem em diversas manifestações artísticas. Tem moçambique, cavalhada, danças regionais e procissão. Como não é muito divulgada, há poucos turistas.

4 comentários:

Unknown disse...

Edu querido, sabe o que mais está me agradando? Depois de uma certa etapa da sua viagem, vc começou a aparecer mais nas fotos, tanto nas do blog quanto nas do arquivo pessoal! Isso é muito bom!! É um momento da sua vida, onde só contar histórias é bom, mas se vc aparecer nelas, fica melhor ainda!! Continue nos deslumbrando com suas aventuras mundo afora!!
Bjs e que os anjos estejam sempre contigo!!!
Luciane Conicelli

Anônimo disse...

Encantador, Edu! Adorei o contraste entre a paz da rua, dos templos, e o picante da comida + a massagem tailandesa da mocinha "trator"!
E concordo com a Luciane sobre vc estar aparecendo mais nas fotos... Bom te ver como personagem principal dessa maravilhosa aventura!
Demais! Suas palavras fazem a gente ficar com vontade de estar aí!!!
Beijos e bons caminhos pra vc!

Anônimo disse...

fala!
entao... meu nome eh mauricio tenho 20 anos e estou fazendo uma viagem parecida com a sua... estou na india agora e em um mes chego no sudeste asiatico.
vc vai estar por aih ainda?
abraco e boa sorte
meu blog eh http://mauriciohirdes.blogspot.com

Fabi Fernandes disse...

Ledo engano, Edu. Digo, sobre a Festa do Divino, em S. Luis do Paraitinga (SP). A cada ano há mais turistas e a festa "bomba" na cidade com suas cores e sons.
Pena que esse ano a festa não ocorreu por conta das enchentes que destruíram todo o patrimônio arquitetônico do centro da cidade. Uma grande infelicidade pra história e cultura...