segunda-feira, 23 de julho de 2007

As dunas da Namíbia!

(Istambul, 23/07/2007 – 23h30) O principal motivo para incluir a Namíbia no meu roteiro foram as dunas. Gigantes, avermelhadas, sinuosas. Com até 220 metros de altura elas são um desafio para quem deseja escalá-las. Os pés afundam na areia, o ritmo da subida é lento. Como numa estrada sinuosa na qual você espera que a próxima curva seja a última, por diversas vezes achei que estava perto do topo. Mais alguns passos e... A subida continua...

O parque nacional que abriga as dunas, no deserto da Namíbia, fica a cerca de 5 horas de Windhoek, a capital do país. Contratamos um roteiro com 2 noites em acampamento, que incluiu transporte, barracas, guias e refeições por cerca de US$ 300. Como há poucas e caras hospedagens nas proximidades do parque, o acampamento foi a única opção viável.

A paisagem é maravilhosa! Os melhores passeios são ao amanhecer e ao anoitecer. Eu gostaria muito de ter feito o passeio de balão, mas o preço era proibitivo. Integramos um grupo super agradável com um casal de japoneses, um holandês e dois irmãos americanos. Curiosamente todos moram e trabalham em paises africanos, exceto um dos japoneses.

Ao contrário do que havia feito em toda a viagem, na Namíbia eu cometi um erro de planejamento que custou 3 dias de pouca atividade em Windhoek. A falha foi deixar a definição do roteiro para a última hora, na alta temporada, num país de poucos operadores turísticos e com hospedagem escassa. Um roteiro customizado para as nossas necessidades de datas, destinos e hospedagem custaria cerca de US$ 1.000, inviável para o meu orçamento.

Por outro lado permanecer em Windhoek permitiu duas experiências inéditas nesta viagem: passear em uma cidade africana e fazer um safári a pé. Windhoek é uma cidade com 250 mil habitantes de maioria negra. A arquitetura foi influenciada pelos alemães durante a época de colonização. A cidade é limpa, com avenidas largas. O movimento é grande durante o dia. Porém, depois das 18h, quando anoitece, poucas pessoas são vistas na rua.

Fizemos o safári a pé no Daan Viljoen Park. Por não haver predadores no parque, não é necessário andar de carro ou com guias. A trilha segue o curso seco de um rio. Como é bom caminhar à vontade! De repente um susto. Um grupo de gnus atravessa o rio a poucos metros de distância. Por alguns minutos não saímos do lugar. Os gnus atravessam novamente a trilha. Com cautela seguimos o nosso caminho. Encontramos também zebras, kudus, babuínos, javalis, veados e muitos pássaros.

Para quem gosta de estatística: hoje completo 132 dias de viagem, que correspondem a 70% do roteiro planejado. Passei por 44 cidades em 18 paises. Se considerar as viagens em avião, trem e ônibus eu rodei até agora 80,3 mil km, que correspondem a 2 vezes a circunferência da Terra na linha do Equador. Atrasei ou adiantei o relógio 34,5 horas. Selecionei 2.795 fotos entre mais de 10 mil cliques. O maior número de acessos ao blog em um único dia foi 350. O menor foi 13. A média diária é de 60 visitas. São Paulo e Lisboa são as cidades com acessos mais freqüentes. Tampa nos EUA aparece em quinto lugar. Já dormi em 67 camas diferentes. Até agora foram 4 pneus furados, sendo 3 deles na África. Ah, também houve um táxi quebrado em Windhoek...

A etapa na África durou 28 dias (inclui Egito e o sul da África), em 6 paises. Algumas conclusões desta etapa:
1. O custo para hospedagem foi maior do que na Ásia, com média diária individual de US$ 40. Nas proximidades do Kruger as diárias foram superiores a US$ 60. Acampar por conta própria pode ser uma boa alternativa, embora seja necessário reservar com muita antecedência na alta temporada;
2. O café da manha é bem servido nas pousadas, o que permite economizar uma refeição. O custo médio de um jantar bem servido foi de US$ 10;
3. Exceto no Egito, as entradas são relativamente caras, como US$ 10 em Victoria Falls e US$ 16 no Kruger. Os custos de transporte na Zâmbia, no Zimbábue e em Botswana são elevados (de US$ 35 a US$ 55 para percursos de 1 hora e que atravessam a fronteira). Contratar um tour organizado é muito caro (exemplos; US$ 400 pelo vôo de balão na Namíbia, US$ 100 para visitar Johannesburg à noite). O aluguel de carro na África do Sul é uma opção relativamente econômica para o safári (US$ 300 por 8 dias);
4. As passagens aéreas regionais são caras (cerca de US$ 400 para trechos de ida e volta entre os paises do sul da África);
5. O visto de entrada para os paises que visitei são obtidos no próprio aeroporto;
6. Os africanos do sul são alegres e gostam de conversar. Os egípcios, são simpáticos, mas sempre com a intenção de vender alguma coisa;
7. É fácil viajar por conta própria. O inglês é ensinado para todos nos paises que visitei no sul da África. No Egito encontrei alguns taxistas que não falam inglês. Nestas horas é fundamental ter o endereço de destino anotado no idioma deles;
8. Tão rica em cultura, o sul da África me decepcionou por não oferecer nenhum espetáculo de musica ou dança nos lugares que visitei;
9. O maior problema para quem visita o sul da África é a falta de segurança. Exceto nos parques (Kruger, Chobi e Namib), onde a hospedagem é longe das cidades, em todos os outros lugares a orientação que recebi foi a de evitar andar pelas ruas à noite. Nesta época do ano anoitece cedo, antes das 18h, e depois disso as ruas ficam desertas e as lojas fecham. Tive um tênis roubado na pousada em Sabie, e que foi prontamente reembolsado pelo proprietário. No Egito a historia foi diferente, e eu andei tranquilamente à noite em ruas movimentadas;
10. Eu voltaria à África para conhecer Marrocos, Moçambique, Madagascar e Cape Town, na África do Sul. E também faria outro safári com o maior prazer.

Veja as fotos na África em

domingo, 15 de julho de 2007

Uma maratona na África!

(Windhoek, 15/07/2007 – 18h30) É difícil explicar por que fizemos esta pequena maratona pela África. Em apenas 4 dias deixamos a África do Sul, passamos pelo Zimbábue, pela Zâmbia, por Botswana, novamente pelo Zimbabue e retornamos para a África do Sul. Esta parte da viagem havia me deixado apreensivo por causa das histórias que ouvi sobre a falta de segurança no Zimbábue.

O fato é que o nosso vôo desceria em Victoria Falls no Zimbábue. Por precaução decidimos permanecer o menor tempo possível neste país e dormir em Livinstone, na Zâmbia, a cerca de 40 km de distância. O translado começou em um Toyota antigo que rodou uns 10 minutos até que um pneu estourou. Sem estepe e sem macaco não havia muito a ser feito pelo motorista. Ao redor tudo era deserto.

De repente, como numa história surrealista, uma Mercedes novinha aparece e oferece carona. O Zimbábue não parecia ser tão ruim assim. Porém, ao ver a nossa bagagem ele pede desculpas e desiste da carona. Felizmente havia sinal de celular e o nosso motorista consegue chamar outro veiculo. Mais tarde descobrimos que a Mercedes era conduzida pelo dono da companhia do translado, e que poderia ter sido mais prestativo conosco. Na fronteira trocamos novamente de carro e seguimos em direção à pousada.

O principal motivo para visitar esta região é a Victoria Falls, um conjunto de cachoeiras do rio Zambezi que se estende por 1,7 km. As quedas são muito bonitas, embora a nuvem formada pela água impedisse uma visão panorâmica. Numa rápida comparação, considero as Cataratas do Iguaçu no Brasil mais impressionantes. O volume de água é elevado nesta época, e caminhar pelas passarelas significa ficar completamente molhado. Não há necessidade de se contratar um guia para visitá-las.

A recomendação que recebi na pousada era para evitar caminhar pelas ruas à noite (depois das 18h00). De táxi, um percurso de menos de 1 km custaria R$ 10,00. Descobrimos que os passeios são muito caros, todos cotados em dólar. Decidimos fazer somente um passeio de barco até a ilha Livinstone, no meio das quedas. Na ilha a diversão é caminhar pelas pedras escorregadias que ficam na beira do abismo. Um guia nos acompanha para indicar o melhor caminho. Na Zâmbia tivemos um contato maior com as pessoas, como estas meninas da foto que nos acompanharam na estrada. Eles falam no mínimo 2 línguas. A da província onde nascem e o inglês, que é a língua oficial.

Para preencher o tempo livre contratamos um tour para o Chobi Park em Botswana. Diferente do Kruger, o Chobi é um parque com áreas alagadas que atraem muitos animais. A vegetação baixa facilita a observação. No primeiro passeio usamos um barco que permitiu grande aproximação dos bichos, como este jacaré da foto. Vimos muitos pássaros, hipopótamos, elefantes e búfalos.

À tarde o passeio foi de jipe. Logo no inicio encontramos este leopardo. No caminho dele havia alguns veados e passamos um bom tempo à espera do ataque. Era a oportunidade de uma grande foto. Infelizmente para a foto e felizmente para o veado o ataque não aconteceu. Pelo menos naquele momento...

Foi surpreendente encontrar os animais com tanta facilidade. Em seguida vimos dezenas de girafas e um grande grupo de elefantes. Experiente, o guia deixou o carro no meio do caminho deles. Um dos maiores elefantes se aproximou e começou a abanar as orelhas. A recomendação era para ninguém se mexer. Ele nos observa e continua o seu caminho sem nos ameaçar. Foi um show!

A hospedagem foi em uma confortável cabana no Elephant Valley Lodge. O lodge fica no meio de uma reserva e é rodeado por uma cerca eletrificada. Uma fonte de água fica estrategicamente localizada perto do restaurante, de onde avistamos elefantes, veados, macacos, javalis e vários pássaros durante o jantar. O preço deste pacote é salgado (US$ 300), mas posso afirmar que valeu cada centavo!

Concluída a maratona de paises, voltamos para o aeroporto em Victoria Falls onde uma surpresa me espera. Escuto 2 garotas que conversam em português ao meu lado e pergunto se são brasileiras. Uma delas é a Evelise, minha amiga no Brasil e que havia me passado um monte de dicas sobre o Deserto do Atacama. E que, por coincidência, foi onde começou a história desta viagem (quem leu as primeiras postagens deste blog sabe do que eu estou falando). Que mundo pequeno!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Um safári na África!

(Johannesburg, 10/07/2007 – 23h00) Cheguei na África com muitas expectativas. Embora já tenha estado no Egito, é aqui no sul do continente que eu tenho a oportunidade de conhecer um pouco da África negra. Esta sim, a região mais misteriosa na minha imaginação.

A primeira escala é em Johannesburg, principal cidade da África do Sul.Logo no aeroporto sinto frio e descubro que a África do Sul não corresponde à minha expectativa de altas temperaturas. Na televisão vejo que as temperaturas nas regiões que visitei variam entre 0° C à noite e 25° C durante o dia. Como Johannesburg é considerada uma cidade perigosa (para quem vive em São Paulo é fácil entender do que estou falando) eu escolhi um hotel nas proximidades do aeroporto e longe do centro da cidade. O país vive um momento de transição após o final do regime de segregação racial no início dos anos 90. Há sinais de riqueza e desenvolvimento, comparáveis aos de paises desenvolvidos. Ao mesmo tempo há muita pobreza e alta criminalidade.

Na manhã seguinte encontro a Pricila no aeroporto e retiro o carro alugado que será o nosso meio de transporte nos dias seguintes. Pelo site havia escolhido um Golf, com um preço bem razoável, imaginando o carro que nós estamos acostumados a ver no Brasil. No entanto eles têm um modelo chamado Golf Chico, bastante rústico e todo quadrado, que parece aqueles carros russos fabricados pela Lada. Embora tenha sido motivo de diversas situações engraçadas (como a minha freqüente confusão entre a primeira e a ré), ele nos serviu bem por mais de 2.000 km.

O primeiro destino foi o Kruger Park. Este é considerado um dos melhores lugares para se fazer safári na África, pela diversidade de animais e facilidade de acesso. Com o carro é possível percorrer as inúmeras estradas atravessam o parque. Algumas regras devem ser observadas. A principal é que, exceto nas áreas cercadas onde ficam os alojamentos e os restaurantes, não é permitido descer do carro. Eles só não explicam o que fazer caso um pneu tenha que ser trocado...

O parque é gigantesco e em quatro dias foi possível conhecer somente a parte sul, que deve corresponder a 20% da área total. A nossa rotina era acordar 5h30 e rodar o dia inteiro pelo parque a procura dos animais. O inverno é considerado a época ideal para o safári. A falta de chuvas torna a vegetação menos densa e os animais tendem a se concentrar ao redor dos poucos rios que não secam. Mesmo com estes fatores a favor, o sucesso de um safári depende de muita atenção, paciência e sorte. Em poucos minutos você pode encontrar um elefante e em seguida um leopardo, ou então rodar por mais de duas horas sem encontrar nenhum animal interessante.


O primeiro dia foi de chuva. Acho que alguns bichos não gostam muito de ficar molhados pois nem vimos animais comuns como zebras e girafas. Mesmo assim foi bem divertido e o dia passou rapidamente. O segundo dia foi com tempo nublado e temperatura amena. Foi o melhor dia, e com pouco esforço foi possível encontrar os principais animais do parque. A savana que fica no sudeste do parque se mostrou a melhor região. O terceiro dia foi de céu azul e muito calor. Repetimos parte do caminho do dia anterior mas não tivemos a mesma sorte. Provavelmente o calor faz com que os animais diminuam a sua atividade. Mas certamente a nossa atenção não foi a mesma dos primeiros safáris. Fizemos um safári curto no quarto dia, com altas temperaturas e poucos animais.

Uma das historias curiosas aconteceu com este elefante da foto. Logo no inicio do segundo dia a Pricila o viu ao lado da estrada. Parei o carro e ficamos observando de longe. Ele não se movia. A Pricila sugeriu que eu desligasse o carro para não fazer barulho. Deixei o carro descer desligado até que ficamos a cerca de 10 metros dele. De repente ele balança as orelhas numa expressão pouco amistosa, e caminha em nossa direção. A Pricila se agita no carro e eu perco alguns segundos para ligar o carro e engatar a primeira. Afastamos-nos e um outro carro aparece na estrada. O elefante não para de agitar as orelhas, arrasta o pé como um touro enfurecido e decide andar em direção ao outro veículo. Assustado o motorista foge de ré. Momentos depois o elefante entra na mata e desaparece.

Decidimos fazer um safári noturno no terceiro dia. Para isto é necessário contratar o passeio, que é realizado em um jipe adaptado com grades e conduzido por um guia local. O passeio sairia às 17h00 do Malelane Gate, que fica a 150 metros do nosso hotel. Calculei o tempo necessário para voltar ao gate e com certa margem iniciamos o caminho de volta. Porém no caminho vimos uma aglomeração de carros e paramos para observar 2 leopardos numa árvore. Perdemos muito tempo e tive que acelerar para não perder o safári noturno. Com pressa, passamos indiferentes por elefantes e rinocerontes.

Não sei direito como aconteceu, mas sei que errei o caminho por mais de 100 km... Fiquei chateado, pois era a nossa última oportunidade para fazer o noturno. E sair do parque depois das 17h30 significava pagar uma multa, inevitável naquele momento. Porém o lado prático da Pricila entrou em ação, e ela sugeriu que tentássemos fazer o safári a partir do Numbi Gate. Chegamos em cima da hora e conseguimos os 2 últimos lugares. O resultado foi incrível! Iluminando a mata com holofotes encontramos vários leopardos e leões. Estes animais são mais ativos à noite e não têm medo da aproximação do jipe. Foi emocionante fotografar estes felinos desta forma!

Em minha opinião a zebra é um dos animais mais bonitos que encontrei. Vimos também hipopótamos, macacos, gnus, búfalos, veados, javalis, jacarés e morcegos, entre outros. Partimos em direção ao Blyde River Cânion. No entanto, a poucos quilômetros do Kruger Gate, nossa porta de saída, nós encontramos outro elefante com o já famoso abanar de orelhas. Ele também usava a tromba para aspirar terra e assoprá-la sobre o corpo. Recuamos e esperamos que ele entrasse na mata. Nada feito, ele continuou em nossa direção. Resignados, fizemos meia volta e saímos por outro caminho...

Acho que 4 dias de safári são suficientes para uma boa diversão. Hospedar-se dentro do parque facilita o deslocamento, embora no verão seja difícil encontrar vaga nos alojamentos. Um hotel como o nosso, nas proximidades de um portão de entrada, tem como único inconveniente o pagamento da entrada diária de US$ 16. Alugar um carro é mais barato e flexível, embora contratar um safári tenha como vantagem a presença de um guia que conhece os hábitos dos animais. Nada impede que você siga os jipes com o seu carro. A Pricila e seu olhar atento foram fundamentais. Seria muito difícil fazer o safári sozinho num carro. Espero ter a oportunidade de fazer outros safáris no futuro!

O Blyde River Cânion tem formações rochosas que lembram a Chapada Diamantina no Brasil. Fizemos a nossa base em Sabie, uma pequena cidade convenientemente situada a uma hora do Kruger. Nesta cidade é possível observar o contraste entre os brancos, que possuem pousadas e restaurantes, e os negros, que atendem os clientes e fazem os trabalhos braçais. Não se percebe a presença de morenos como temos no Brasil. No estacionamento do supermercado há flanelinhas que tomam conta dos carros. Os brancos andam de carro, e os negros, na sua maioria, andam a pé. O movimento após o anoitecer é mínimo, e os restaurantes fecham às 21h. De uma forma geral eu comi muito bem na África do Sul. Depois de meses comi um bife, que é barato e tem um sabor diferente do brasileiro. Os vinhos e a cerveja Castle são muito bons.

É possível conhecer o cânion de carro num único dia. Mas certamente seria mais agradável fazer as trilhas a pé desde que houvesse tempo disponível. Há belas cachoeiras nos arredores da Sabie, e visitamos umas 5 ou 6. Conhecemos alguns sul-africanos que estão curtindo as férias escolares. Encontramos poucos estrangeiros. Hoje retornamos para Johannesburg, um trajeto de 5,5 horas.

Amanhã é dia de viagem. Tomamos o vôo até Victoria Falls, no Zimbábue, e em seguida atravessamos a fronteira da Zâmbia para nos hospedar em Livinstone.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Africa do Sul!

Amigos,

Estou no Kruger Park, um lugar maravilhoso. Hoje foi o meu primeiro dia de safari.

Aqui o acesso a internet e limitado. Desta forma nao terei como responder aos emails nos proximos dias.

Bjs a abs,
Edu Feijo

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Quem falou que tem canguru na Austrália?

(Johannesburg, 02/07/2007 – 21h10) Como o tempo passa rápido! Hoje completo 59% da viagem. Agora falta pouco mais de 2 meses para voltar ao Brasil. Parece que cheguei na Oceania ontem... E hoje já estou de partida! Mas a minha sensação de que o tempo passa rápido não é constante. Confesso que ao chegar em Sydney me senti um pouco angustiado. Certa tristeza tomou conta de mim, uma vontade grande de não sair da cama...
Porém, o movimento num AJ não permite que você fique na cama por muito tempo. Sem muita inspiração comecei a caminhar por Sydney. A minha primeira atividade foi burocrática. Como o meu passaporte está com poucas páginas vazias, fui ao consulado brasileiro em busca de uma solução. A resposta que obtive é que nestes casos a única saída é a renovação, que demora 10 dias úteis. Como não dispunha deste tempo em Sydney, não consegui resolver este potencial problema. O jeito agora é torcer para que os vistos na África não ocupem tanto espaço quanto na Ásia. Como contingência, tenho os consulados em Atenas e Roma.

Por outro lado, o consulado é bem localizado em Sydney, num espaço bastante agradável. Naturalmente o som ambiente era de músicas brasileiras. Tocava um samba do Paulinho da Viola... E ai bateu a tristeza novamente. Saudades de casa, da família, dos amigos, das minhas coisas no Brasil. Voltei para a rua e segui na direção do Opera Hall e da Harbour Bridge, os dois principais símbolos urbanos da cidade. O tempo nublado contribuiu para o meu desânimo.

Fui ao cinema e assisti Shrek 3. Com a energia ainda em baixa voltei para o AJ. Aliás, o Base Backpackers em Sydney é um dos melhores alojamentos coletivos que conheci até agora. Tem uma ótima infra-estrutura e ele fica localizado no centro, numa confortável distância dos principais pontos turísticos e da agitada vida noturna da cidade. Aproveitei para responder aos e-mails, sem explicitar os meus sentimentos, e dormir cedo.

Felizmente as minhas fases de tristeza nunca duram muito tempo, e esta vez não foi exceção. Eu acredito que há forças atuantes para que as coisas dêem certas. E neste caso tenho dois exemplos. O primeiro foram as mensagens que recebi de amigos, que perceberam imediatamente o meu estado de espírito mesmo sem uma afirmação direta. O segundo é que terei companhia em alguns dos próximos trechos da viagem. Pelo menos não poderei reclamar de solidão!

Mais animado tomei o ônibus até Bondi beach, uma das praias badaladas da cidade. Sydney é privilegiada, foi construída nas margens de uma bela baia, possui projetos arquitetônicos arrojados, tem ótima infra-estrutura urbana e um elevado nível sócio-econômico. É o reflexo de um país bem administrado por diversas gerações. Fui ao dentista para tratar de uma obturação quebrada. Consultório moderno, tratamento rápido e eficiente. Mérito também para o plano de saúde Intercare, que indicou o consultório, tratou de toda a parte burocrática e do pagamento.

No dia seguinte encontrei com a Renata, com quem trabalhei por 7 anos. Ela viajou pela Austrália durante 3 semanas e me encontrou em Sydney. Você já deve ter passado pela situação de reencontrar um bom amigo depois de muito tempo. Gastamos os primeiros momentos numa profusão de assuntos diversos. Eu curioso sobre as os amigos em comum e a viagem dela pela Austrália, ela sobre o andamento da minha viagem. Renata, obrigado por me proporcionar momentos tão agradáveis! Neste ritmo frenético ainda conseguimos comer e decidir o nosso roteiro comum. Foi gratificante relembrar das pessoas que trabalharam comigo na Visanet. Sei que alguns acompanham o blog, e tenho certeza que os encontrarei no futuro!

O céu azul complementou este momento agradável. Fizemos algumas fotos do Opera Hall e tomamos o barco até Manly beach, outra praia famosa e coalhada de surfistas. O vento frio começou a incomodar, e retornamos para o centro a tempo de assistir a um belo por do sol. À noite surgem ótimas oportunidades para fotografar a skyline de Sydney, assim como a lua cheia (foi a quarta da viagem: Londres, Katmandu, Hanói e Sydney).

Com a energia renovada saio sozinho para conhecer a balada nas proximidades do AJ. Há bastante movimento na rua e basta andar um ou dois quarteirões para encontrar diversas opções. Na maior parte dos lugares a entrada é grátis. Alguns bares têm pista de dança e outros têm música ao vivo. O lugar que mais gostei tocava hip-hop e era freqüentado principalmente por orientais. Na noite seguinte a Renata me acompanhou, e depois de um jantar coreano fomos a um bar com uma ótima banda de rock.

No sábado descemos novamente para a região do Opera Hall. Desta vez fizemos o caminho pelo Botanic Garden até o mercado que acontece todo final de semana no bairro The Rocks. O mercado é arrumado e tem objetos interessantes, mas depois de ver tantas coisas exóticas na Ásia o meu grau de exigência ficou mais elevado... Ou eu fiquei mais chato...

O meu último dia em Sydney foi dedicado a visitar o zoológico. Sim, o zoológico... Mas o meu objetivo não era fotografar elefantes ou leões, mas sim encontrar um canguru e um coala (ou uma coala?) para não decepcionar os meus sobrinhos. De qualquer forma o passeio no zôo valeu a pena. Ele é bem estruturado e tem muitos animais que não conhecemos no Brasil. Para chegar ao zôo é necessário atravessar a baia de barco, e como sempre o visual compensa o deslocamento.

A minha estada na Austrália foi curta e focada em Sydney. Esta escolha foi proposital, primeiro por que era a escala do meu vôo e segundo por que eu gastaria muito tempo em uma exploração mais completa. Pelo que pude observar e pelo relato da Renata, são necessárias pelo menos 3 semanas para se conhecer as principais atrações além de Sydney, como por exemplo Ayers Rock, a Grande Barreira de Corais, Cairns, Fraser e Brisbane. As minhas fotos em Sydney estão em www.flickr.com/photos/eduardofeijo/collections/72157600513596429/

A etapa na Oceania durou 17 dias, em 2 paises. Algumas conclusões desta etapa:
1. O custo para hospedagem e alimentação é razoável para os brasileiros. Uma média diária de US$ 40,00 é possível desde que o alojamento seja em AJ e as refeições sejam em restaurantes simples. Os AJs que conheci são organizados, limpos e com ótima localização. A água mineral é caríssima, no mínimo US$ 2,00 por garrafa de 600ml. Diz a Renata que não há problemas em se tomar a água da torneira. Eu não tomei...;

2. Há diversas opções de passeios gratuitos para quem gosta de caminhar. Os esportes de aventura são caros. Alugar um carro na Nova Zelândia é uma ótima opção caso o seu interesse seja por paisagens. De uma forma geral as entradas em museus, mirantes e outras atrações custam entre US$ 10 e US$ 30. Um bom musical custa mais de US$ 50. O Opera Hall... nem perguntei...;

3. O visto de entrada para a Austrália deve ser obtido antes da viagem, e para a Nova Zelândia na chegada ao aeroporto. É quase certo que os brasileiros terão a bagagem revistada na Nova Zelândia. A principal preocupação deles são drogas;

4. É difícil fazer contato direto com pessoas nascidas na Nova Zelândia ou na Austrália. Em geral quem atende o turista são estrangeiros. Fora da Oceania conheci diversos australianos, sempre muito animados Se você prefere falar português não terá a menor dificuldade em consegui-lo;

5. É muito fácil viajar por conta própria;

6. Gostei muito da Nova Zelândia, e como já havia mencionado, está no topo da minha lista de paises que merecem uma segunda visita. Como não é todo dia que se vem para a Oceania, o ideal seria fazer 3 semanas em cada país. Isso sem contar as ilhas da Polinésia...


Hoje estou bastante cansado pois o vôo durou 14 horas. Como recuperei 8 horas de fuso horário, a minha segunda-feira será 33% mais longa do que uma normal. Já estou em Johannesburg, e amanhã sigo em direção ao Krugger Park para o primeiro safári. Nesta etapa da viagem terei a companhia da Pricila Piatetzky, que neste momento deve estar no vôo a caminho daqui.